"...de castigo está o Municipio todo por causa dos quinhentos mil euros que vão ser gastos em todas essas obras"
Estas são palavras de Rui Marqueiro, presidente da Câmara a propósito dos gastos com a recuperação do lago , da cafetaria e algumas ruas , na sequência do buraco do Calamina sob o pavilhão gimnodesportivo, tudo nas Termas do Luso, palavras proferidas na última Assembleia Municipal.
Estou em absoluto desacordo com a sua opinião. Por variadas razões.
Em primeiro lugar porque 500 mil euros são cem mil contos antigos que hoje mal chegam para comprar duas ou três assoalhadas de um apartamento: segundo porque a obra do pavilhão foi lançada e executada num tempo em que o presidente liderava a Câmara e era responsavel por ela, obra; terceiro porque se correr as actas da Câmara do ano que decorre facilmente encontro uma soma idêntica de verbas gastas em carnavais ,festas , foguetórios e banquetes, e quarto porque deve entrar aqui a história dos dois ou três centimos que a Câmara recebe da Sociedade da Água do Luso por cada litro de água vendido que deviam ser gastos na freguesia do Luso.
E vou explicar porquê:
A Câmara arrecada anualmente a verba e sem qualquer tipo de transparência faz um segredo e um silêncio que se quizermos levar ao extremo as nossas interrogações é no minimo esquisito e comprometedor. Mas para que fique bem clara a origem desse dinheiro eu , que participei e acompanhei o processo, vou recontar a questão e como na minha perspectiva aconteceu.
Podemos dizer que a mãe desta verba foi a geminação com Contrexeville, geminação efectuada quando estava no poder, quer na autarquia Câmara, quer na freguesia, o partido social democrata que, curiosamente criou através dum secretário de estado chamado Licinio Cunha uma Escola de Holetalaria no Inatel Lusitano e que depois os socialistas fecharam. Esta geminção é, não tenho dúvidas, a primeira Eva do parto dos tostões litro, a fonte do contrato geminatório que mais tarde nos levou , enquanto Junta de Freguesia e Junta de Turismo, já em tempos socialistas, áquela cidade francesa na continuação de visitas anteriores do tempo dapresidência de Emidio Santos.
Era Homero Serra e Jorge Carvalho pela freguesia , António Gonçaves, o Carlos Alberto do Pedro dos leitões e eu próprio pelo turismo e fomos nós que, através do nosso francês escolar percebemos, durante as visitas , o desafogo financeiro de que gozava o municipio francês, bem como as muitas e boas estruturas termais e turisticas que ali existiam. Um estádio municipal, piscinas, centro hipico e , entre outras um pavilhão, do qual foi trazida mais tarde a cópia para o pavilhão do Luso. Esta porém, é outra via da história.
Do desafogo financeiro da Cãmara local dava-nos conta Simone , a nossa anfitriã em França , sempre solicita a receber , instalar e trocar informações ou a incentivar a nossa actuação , que em alguns casos nos abriram um caminho.
Foi o caso dos cêntimos/litro de água ainda em francos franceses, que a empresa das àguas de Contrexeville dava á Câmara por cada litro de água vendida , ideia que discutimos e trouxemos connosco na mala dum regresso , com uma esperança em
cada bolso, o desafogo financeiro para a Junta de Freguesia e capacidade para executar algumas das obras emblemáticas que vinham de longe como um parque de campismo ou a reconversão da Quinta do Alberto, coisas dos nossos pais e avós que á Câmara da Mealhada sempre interessaram muito pouco.
Mas as novas como o pavilhão, o campo de futebol onde estagiava de vez em quando a seleção francesa, uma piscina livre da privacidade dum hotel , uma biblioteca capaz ou um pequeno museu de hotelaria ou a recuperação dos Moinhos de Carpinteiros eram hipoteses que se abriam à viabilidade do sonho.
Foi assim que construímos e trouxemos connosco a ideia. Em sonhos. E realmente neste mundo nada acontece por acaso, nasce de ideias, do conhecimento, do raciocinio e só depois dos actos. Falar é fácil, diabolizar ainda muito mais, mas construir alguma coisa é outra coisa mais dificil e responsável.
Foi quando metemos nisto Rui Marqueiro, o presidente da Câmarapara nos ajudar , e lembremos que a geminação era Luso/Contrex, que surgiram os problemas, porque afinal o orgão freguesia , não tinha capacidade legal para assinar estes contratos , perante uma lei que não é igual para todos, como hoje continua a não ser, retirando o poder ás Juntas de Freguesia, ao contrário do que acontece na França onde elas não existem porque tudo são Câmaras, quer sejam grandes quer pequenas, com o poder de serem donas de si próprias. Quer sejam mil, cinco mil ou cem mil habitantes, são eles a dirigir os seus destinos e não os outros, como acontece em Portugal e nos acontece a nós, nas Termas do Luso.
O BUÇACO RELIGIOSO
Entre o desistir do processo e desistir dos cêntimos/litro ou aproveitar o litigio entre Câmara e Sociedade da Àgua do Luso que corria no Tribunal de Anadia, para atingir um melhor resultado para a autarquia concelho concordamos em fazer-se o contrato com a Câmara, e foi assim que o Presidente Marqueiro entrou isto e liderou o resto da questão , mas com a verba a ser gasta na freguesia do Luso já que era dela a ideia, a iniciativa, o trabalho e o direito , que deriva dos seus próprios autarcas e representantes. Fantasias!
O contrato fez-se com a assinatura da autarquia Câmara que depois " fechou-se em copas" até hoje sem se saber de forma publica o que faz a esta receita. Isto não é a democracia nem a prima dela e a falta de ética e transparência são obviamente muito pouco abonatórias para a gestão do orgão, mas este país é isto mais o compadrio, o tráfico de influências, etc,etc,etc....Nesta área, muitissimo pior que nos tempos de salazar.
Em linhas gerais esta é a história dos cêntimos /litro que ainda hoje se recebem e, fazendo umas contas sem grande rigor contabilistico, nos cerca de quinze ou mais anos que a Câmara leva da receita destas águas do luso que cá não ficam nem tornam e são entre 300/400 mil euros anuais, dependendo das vendas da própria empresa, a coisa não anda longe dos seis milhões de euros até hoje. Foram empregues no Luso? Não. Onde foram empregues? Não se sabe. Que benefícios teve o Luso ? Nenhuns, pelo contrário ...
Não vejo pois qualquer razão para que o municipio fique prejudicado , quem de facto está prejudicado e castigado nesta contenda é a freguesia do Luso, afinal aquela que dentro deste municipio vale alguma coisa em termos de contexto europeu, como muito bem sabe o senhor Rui Marqueiro que é Presidente da Camara e da qual todas as outras que compõem o municipio, teriam a ganhar com o seu desenvolvimento. Da mesma maneira sabe o mesmo Presidente Rui Marqueiro , se bem que não tenha sido ele a receber a esquisita dávida, que a Mata Nacional do Buçaco tem um valor europeu e a Mata Municipal do Buçaco não tem esse valor europeu. São coisas absolutamente distintas, cuja capacidade de divulgação e atração nada tem a ver uma com a outra e que até em valores de apoios se distanciam completamente.
O BUÇACO DOS GUARDAS FLORESTAIS
Mas sabe igualmente o Presidente da Câmara que com o orçamento de 17 milhões de euros que gere e do qual retira algum para a fundação socrática buçaquina, retirando-o das pertenças dos municipes , nunca terá hipoteses de recuperar a Mata e a floresta, hoje
vergonhosamente mal tratada, no que é o património ambiental , botânico e contruído , entre ele o Palácio Hotel que não tarda começa a ruir interiormente bocado após bocado e que a ASAE tentou fechar por denuncia da própria Câmara não sabemos com que intenções.
O que quer a autarquia perante um bem nacional daquela envergadura? Colmatar uma lacuna com aquilo que não tem na casual sede do concelho fazendo um palácio hotel igual na Mealhada junta á sede do Turismo sem turistas? Satisfazer um capricho ? Uma vaidade? Um pôr-se em bicos de pés da maneira mais estúpida e incongruente e irresponsavel? Traficar?
Ou não quer mesmo nada , além de destruir a Mata e as Termas do Luso como aconteceu e está a acontecer?
Toda esta política levada a cabo pela Câmara, que eu considero politicamente irresponsavel, não passa dum absurdo sem qualquer fim á vista e tanto é má para freguesia como para todo o municipio cmo para a região.
A Mealhada que pretendem fazer não existe a não ser nas cabeças de politicos opacos , o que existe de facto é um municipio e umas tantas freguesias que são permanentemente espoliadas dos seus bens e esquecidas nas suas potencialidades a favor duma cidade imaginária , como muitas outras que ainda não cumprindo a legislação existente são cidades meramente partidárias.
Ora é o contrário disto que deve acontecer. Respeito por cada uma das peças e pelo seu valor intrinseco. Respeito pelo território, pelo seu património e pelas suas gentes como um todo . E já que uma obsoleta divisão politica administrativa concentra o dinheiro e o poder num centro, há que alargar esse centro até aos limites do território, isto é, em vez de roubar,deve ceder e crescer num todo até atingirmos um dia a cidade comum. O contrário é o absurdo , o esvaziar dum território já de si extremamente carente e interiorizado por politicas de abandono permanente, de estratégias ou de ordenamentos dezenraizados das necessidaes do país e da comunidade .
O BUÇACO MUNICIPAL
Isto que me parece fácil, quase intuitivo de perceber, foge ao saber de uns novos experts que nunca tendo feito nada pelo concelho durante uma vida inteira, surgem agora depois de velhos e reformados a espalhar atoardas e mentiras em conjunto com jogos de influências e traficâncias sem nexo como se quem andou trinta ou quarenta anos na politica fosse leigo na matéria. Nunca duvidei das boas intenções das pessoas, ao nivel das autarquias pequenas não há rapazes maus, como dizia o Padre Américo, porém fazer politica é outra coisa de gente crescida e é preciso um minimo de experiência para saber o que se faz ou diz , para não cair na patetice dos tolos e na falta de senso comum da chafurdice pindérica.
Quando ao resto , acho que o presidente Rui Marqueiro deve medir o que diz , não vá o Luso chamar aí uma televisão para contar ao país a realidade dos dias. O que não é grande coisa para ninguém....mas pode resultar. Se bem que eu nunca tenha sido angariador de off-shores nem inventor de militantes!!!
Numa próxima oportunidade vou registar a verdadeira história do Centro de Estágios, para que fique claro para os meus conterraneos que queiram entender os factos com uma proximidade maior à realidade , realidade que é sempre uma coisa simples, clara e transparente, quando contada numa versão honesta fora dos interesses imediatos das comédias dos saltimbancos politicos, onde verdadeiramente nunca me senti bem.