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ÁGUASDOLUSO

BURRIQUEIROS,OS QUE TOCAM OS BURROS...

ÁGUASDOLUSO

BURRIQUEIROS,OS QUE TOCAM OS BURROS...

05
Dez17

FORMOSA À PIA

Peter

 

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  N ão é comprida nem larga, podia chamar-lhe beco, viela, mas quis a toponímica oficial que se chamasse rua e assim figura o nome na identificação ainda que se lhe não conheça a ponta onde se pega o início ou se prolonga o fim. Porém é antiga, dos tempos em que o Luso não passava de dois pequenos lugares na nascente da ribeira dos Moinhos. Um denominado da Igreja, a nordeste, o outro, de Além a sudoeste, ligados pelo antigo caminho do Sentido. Esta via seria então o caminho principal da povoação descendo da Igreja aos milheirais da linha de água que atravessava numa rústica ponte, para subir do outro lado até às traseiras da Pensão Portugal que nasceu muito depois. Cortando na perpendicular o que veio ser mais tarde a Francisco Grandela, atravessava depois a “futura” rua da Pampilhosa na garagem do Joaquim Rocha, estrada nascida nos tempos de Emídio Navarro, quando mandou executar a urbanização das termas do Luso, uma das mais velhas urbanizações com pés e cabeça levada a cabo neste país de improvisos. Tão bem planeada que ainda hoje subsiste a sua modernidade e não fosse a desordenada e anárquica gestão municipal a cercear a continuação do trabalho iniciado há mais de um século e continuaria a vila a ser um exemplo na história. A velha estrada ou caminho, no soco urbano, era pois parte do chamado caminho do Sentido, que entalado entre as traseiras da Portugal e as novas habitações, veio a ser, nos cem metros em causa, a rua Formosa à Pia dos dias actuais. Metros de percurso que continuavam a meia encosta pela Quinta do Viso, pelo posterior do Casal Filomena, pelo Vale da Ribeira, Curral Velho, Quinta do Sentido e Louredo, antes de existir a estrada actual para Sazes, Lorvão e Penacova. Claro que falamos de alguns sítios e lugares não existentes na altura e doutros que foram em paralelo surgindo com o desenvolvimento das Termas, o evidente motor do crescimento do sítio.

Se viajando no tempo voltássemos á tarde do dia 29 de Junho de 1628 assistiríamos à chegada dos primeiros obreiros do Convento do Buçaco á casa dos arcos que ocuparam na “Formosa à Pia,” assim chamada porque o primeiro piso assentava sobre arcadas, arquitectura típica dos seculos catorze e quinze. Chegados de Aveiro, eram eles Frei Tomás de São Cirilo, Frei João Batista e Alberto da Virgem, carregando consigo três cobertores para a cama, uns peixes para a boca e dez cruzados para o começo da obra. Mas logo a 25 de Julho seguinte se lhes juntaram Frei Bento dos Mártires, Frei António do Espirito Santo e o irmão flaviense António das Chagas, oficial de alvenaria. Foi dali que subiram diariamente à serra para preparar os terrenos e lançar a primeira pedra do edifício no dia 7 de Agosto do mesmo ano e nos finais do mês já os encontraríamos definitivamente instalados no Buçaco. A 19 de Março de 1630 deram por fim início á vida em comunidade.Da estadia no Luso ficou a casa até há bem pouco tempo, quando foi sobre ela erguida uma segunda e moderna habitação no cotovelo que junta em meia dúzia de degraus a Pia à rua da Pampilhosa.

Ora quando a partir dos meados do séc. XIX o Luso iniciou o seu percurso termal que curiosamente o município recusou em sessão de Câmara despoletando a solução duma sociedade por quotas, o crescimento deu lugar á construção de novos edifícios cujo número foi aumentando década após década, foi para a via do Sentido que foi aberta a porta da cozinha da Pensão Portugal na qual o proprietário incluiu uma taberna cujo balcão de atendimento dava para a mesma rua, viela ou travessa. O vinho para uso da pensão era porém guardado na cave em frente, em velhas pias de azeite que serviam de garrafeira improvisada empilhadas umas sobre as outras e onde o Adelino, jovem filho do casual taberneiro, de vez em quando juntava os amigos  em convívios petisqueiros que não seriam molhados a água da fonte, mas sim a vinhos da pia. E porque o álcool trepasse ou a moderação faltasseno equilíbrio dos corpos e das coisas, sucedeu que um dos convivas caiu dentro duma pia numa noite fria de Inverno, vendo-se grego o grupo para o levantar do assento, e no dia seguinte, já nas instalações do Luso Ginásio Club que funcionava no cotovelo do sul, resolveram rebaptizar a rua que ao tempo não tinha nome com a denominação de Formosa. Pudera!Mas Formosa era já a rua da Ti Nazaré atrás da Lusa ao Outeiro do Bodo , no outro lado, o da Igreja onde a Nazaré possuía  negócio de loureiro com uso de vários anos  e donde o Barraqueiro era decano com outros  frequentadores da Oliveira da Sorte e também palco que o Alves do Monte Novo não raro utilizava para declamar o seu “fufu carago, fufu” antes de subir Velal acima quando conseguia ultrapassar , ziguezagueando, a Fonte do Castanheiro. A solução foi acrescentar à pia a formosura e assim, no ano de 1958, numa tarde de sol, foi organizada a cerimónia do batismo começada e acabada com um discurso do Vladimiro , filho da D. Olga dos Correios e com a presença dos moradores do beco e convidados. Rua Formosa à Pia foi o nome sublinhado em honra á pia do azeite, consequência da bondade do vinho como a posteridade supõe e supõe bem, sem enoturismo e sem gralhas da politiquice.Cinquenta anosdepois,indo casualmente a uma sessão de Câmara a proposta oficial por um nome naquela artéria, concordou o executivo camarário unanimemente com a denominação e assim foi registada nos regulamentos toponímicos locais e nas placas que lhe dão hoje o suficiente identificar.

PS- Crónica escrita a pedido dum morador que forneceu dados essenciais sobre o assunto em razão de duvidosas questões sobre as origens do nome. Aqui fica a narrativa sobre o quanto é sabido da Rua Formosa, À Pia.

 

28
Out17

A FONTE AUTÊNTICA

Peter

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Bela fotografia (pormenor,) dum Luso de há cem

anos  na Fonte de S.João autêntica quando era

propriedade da freguesia do Luso, antes de ser

subtraída ao património local por Manuel Lousada, 

da Antes, então presidente da Câmara, depois

governador civil. Então foi objecto de grande 

contestação por parte dos naturais , quer a 

usurpação da fonte quer o transporte da água

até á localidade onde morava o autarca, na 

altura nomeado e não eleito.

09
Set17

FAVELA

Peter

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Não, não é uma favela do Rio de Janeiro mas uma

paisagem turistica aqui bem perto de nós, no

coração das "ditas" termas...ex do Luso....deste

Luso que não nos deixa de espantar....com

o seu turismo festeiro..

30
Ago17

CHAFARIZ

Peter

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 Ao fundo da ladeira do Chafariz, o Chafariz de

torneira está recuperado e desanuviado mas

para ser o que foi falta-lhe na frente a pia que,

cheia de água fresca  da  fonte sedentava bois

e burros quando esta terra era de  termas e de

burriqueiros que os puxavam na frente.

No Verão era a pequena cidade que hoje não

é e criava-se riqueza quando hoje  não há um

emprego para alguém se fixar. Os lusenses

parecem satisfeitos com a situação, mas não se

ponham  a pau e ainda vão ser aldeia.

Desta vez concerteza, não voltarão os

burriqueiros! O Chafariz, datado de 1917, 

tem gravado em pedrinhas do Buçaco

o nome da Sociedade de Propaganda

de Portugal.

Foi por aqui que me criei até aos onze anos de 

idade , mas agora doi-me a alma pelas 

pela estagnação  e pelo retrocesso em que 

a terra se afundou recentemente.

20
Ago17

ENGOLIR SAPOS VIVOS

Peter

 

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Na sala de visitas das Termas do Luso , esta obra prima destaca-se

N o estranho mundo partidário, os barões, á boa maneira lusitana, candidatam-se aos lugares políticos num caricato absolutismo como se fossem representantes exclusivos da democracia, da sabedoria e do poder. Neste caso do poder, ele de facto está tão mal repartido e exercido que a rua é o seu lugar, a influência o seu exercício, a dependência a sua autoridade, a irresponsabilidade a sua filosofia, a traficância o meio.

Não bastando a falta de compromissos qualificados e quantificados perante os eleitores, uns candidatos de Pedrogão Grande, onde recentemente se representou uma tragédia nacional de graves consequências, “marimbaram-se” para os militantes partidários e escolheram-se a eles próprios para candidatos às eleições. Os militantes revoltados queixaram-se, com razão, que serviriam apenas para pagar cotas e a coisa veio nos jornais mercê da visibilidade actual daquele concelho. Parece ser o Costa que vai apagar o fogo!

Curiosamente, o mesmo se passou no partido que detém o poder no município da Mealhada. O candidato a candidato, ao mesmo tempo presidente cessante com quase quarenta anos de tarimbeiro, se é que isso significa alguma coisa, escrupuloso quando Lisboa democraticamente o associou a uma candidatura, acabou por meter a viola no saco e fez o que fizeram em Pedrogão, proclamou-se candidato sem a opinião dos militantes e  aval dos órgãos próprios, como primeiro referiu quando lhe convinha armar-se em democrata. Para os militantes  não foi um grande exemplo da democracia que se cultiva no seio destes açambarcadores de poder, arautos dum paraíso concelhio que não existe, apenas apregoam, com assessores que o erário  público paga a favor dos seus propósitos  políticos. Há exemplos. No dia 2 de Agosto, um cheiro nauseabundo de pocilgas percorria a Mealhada para receber os clientes da fileira do leitão, mas o fenómeno fica na gaveta das omissões, não vá prejudicar os candidatos que não mexeram uma palha para resolver a questão que se arrasta há muitos anos. Tal como escondem ou não divulgam os dados oficiais sobre o turismo no concelho, todos eles coincidentes no retroceder das receitas nos últimos anos, bem como da diminuição da oferta de quartos e outros serviços, uma resposta inequívoca à incompetência que grassa na política levada a efeito nesta matéria pelo edil do turismo, o próprio presidente da autarquia, ou a situação actual das Termas do Luso, onde os balneários, em pleno Verão e mês de Agosto estão praticamente “às moscas” como sói dizer-se e a terra é invadida por romeiros de fim-de-semana a que chamam turistas sim, mas de pé rapado e garrafões na mão que nada deixam de riqueza no local. Esta é de facto a triste realidade a que chegou o concelho com um edil do turismo mais apostado na omissão das verdades que na procura de saídas para os problemas grandes e graves que o município enfrenta. Bastam-lhe “barbaridades” gratuitas como o não destino turístico ou o acabar da marca Luso-Buçaco que tem século e meio de existência e que hoje pretendem substituir por Mealhada-Buçaco para fazer da sede do concelho aquilo que não é. Esta sofreguidão irracional só tem trazido prejuízos ao território e não pode ter futuro sustentado porque lhe falta exactamente a sustentação de meios. A massa crítica nesta matéria é muito pobre e aquela que existe, fruto dos 150 anos de actividade termal, reside nas termas e é cuspida para fora da carroça do poder. Os destinos turísticos não se fazem a martelo e a picão, como se pensa na autarquia, são fruto do meio, do tempo e da experiência que se adquire em anos e anos de trabalho árduo e cujo saber e cultura tem que ser respeitado e aproveitado. Aqui, em vez disso, delapida-se por inveja ou por ciúme o saber acumulado. A total irresponsabilidade!

Outro tanto é a incapacidade autárquica junto do poder central no sentido de fazer cumprir ou renegociar a concessão da água, cujo contrato, que envolve o desenvolvimento do complexo termal, não está a ser rigorosamente cumprido. Estratégia turística para o concelho não há e a única que funciona vem da aposta na área desportiva na sequência do Centro de Estágios, uma estratégia que nasceu no Luso e não na cabeça ôca dos autarcas camarários, como hei-de relatar.

Não contente com estes fenómenos o candidato convidou para o seu elenco partidário gente do PSD, o seu real inimigo, não se sabendo hoje quem é quem dentro das listas que amanhã irão a sufrágio nem os “complôs” que sustentam estas manobras “maquiavélicas”, troca-tintas de quem disse cobras e lagartos dum partido, o socialista. Jogos de traficâncias políticas ou de troca de favores em que o candidato é perito, dá-nos ensejo para pensar que o PSD tem duas listas, uma própria, outra por procuração, casos da Mealhada e o do Luso, onde o partido, por escolha do “candidato senhor e amo” e não das dezenas de militantes locais que pagam quotas, continua a apostar no PSD. Quem quiser votar no partido socialista neste concelho, tem pois que engolir sapos e lagartos para seguir as bizarrias dum eterno candidato que só cai com a cadeira.

Por sua vez a autarquia , infelizmente um dos maiores empregadores num município onde a riqueza é escassa e pouco retributiva, tem um orçamento apetecível para o meio e como tal é objecto das influências da polítiquice local, perante um pequeno círculo de vinte mil habitantes. Não é segredo para ninguém que os partidos fora da área do mando têm tido dificuldade em compor as suas listas, exactamente porque as pessoas se desculpam com o emprego precário deste e daquele familiar que as autarquias, as fundações, as seitas e outros compadrios mantêm á laia de favor. O medo de represálias, ainda que o voto seja secreto, vive-se, alimenta-se e impõe-se hoje, exactamente como nos tempos de Salazar, uma vergonha nascida da municipalização impreparada e imune a que assistimos e que funciona em roda livre e profissionalizada por amadores bem pagos. A democracia rasca ou de low- cost  onde a transparência é nula.

Tenho andado a escrever há muito tempo nestas meras crónicas pessoais que a Câmara nunca terá dinheiro suficiente para recuperar o Buçaco, e na semana passada, o candidato e ainda presidente de um mandato onde não fez absolutamente nada para além de manter em serviço as mordomias das festas, reconheceu perante o novo secretário de Estado das Florestas em visita á serra, que não tem esse dinheiro para recuperar o património do Estado, e não terá nunca acrescento eu, que ando neste mundo há tempo demais para acreditar em milagres e promessas de tarimbeiros relapsos. Patético, simplesmente patético, este reconhecer forçado duma realidade que logo na altura se mostrou á evidência não ser possível e cujo desfecho se ficou a dever á própria Câmara que recusou do Estado a comparticipação, optando por meter-se num sarilho donde não pode facilmente sair, um erro imperdoável que nos tem custado caro em termos financeiros e patrimoniais. Registe-se que por tal motivo esta é a única fundação que não recebe do Estado qualquer verba.

Para acabar, outra coisa que me cheira a mofo e bolor nestas fanfarronices eleitoralistas, são as comissões de honra, algo anacrónico num tempo desmultiplicado pela digitalização da fibra óptica, smartphones e hologramas! Quando era novo e participava na organização de bailes, presidiam o Messias, o Figueiredo, o Melo, uma garantia á virgindade que hoje não se usa por escassez de donzelas !  Esses remakes dos salamaleques e da camisa TV são fenómenos absolutamente desparasitados, faziam parte integrante do espirito dum Estado Novo que morreu velho ou não morreu.  Acho-as coisas obsoletas, doentias, expressão dum saudosismo que as sociedades actuais já não interiorizam nem com alma nem com razão. Como me cheira igualmente a traça e bafio aquela gente da minha terra que assume cargos políticos para bronzear os dourados e nem sequer abre a boca na defesa do lugar onde nasceu. Honradamente quem vai para pagar jeitos com a boca do silêncio, era melhor abster-se, também honradamente. Uma retrete em quatro anos é um péssimo serviço prestado e no entanto há quem goste!

 O mundo  mudou há muito tempo, aqui nada mexeu!

Luso,Portela do Picado, Agosto,2017                                Águasdoluso.blogs.sapo.pt

15
Ago17

FOGO QUE ESPREITA

Peter

 

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Como se pode ver pela imagem a floresta selvagem 

frente ao Parque de Campismo do Luso  coloca em

perigo aquela estrutura turistica. Propriedade da

Câmara  da  Mealhada, este terreno , juntamente

com a Mata Nacional do Buçaco e os recentes fogos na

freguesia de Barcouço, ilustram bem as preocupações

e os cuidados que  autarquia dedica á protecção de

pessoas, de bens , de  interesses turisticos e

económicos do concelho.

Primeiro as festas e romarias que dão votos, depois

tudo o resto. Porém, vive-se no depois e não no antes.

Imagine-se o que seria se  esta não fosse uma

autarquia exemplar!!!!!!! (imagem de ontem)

 

 

 

 

 

22
Jun17

“NOMINA SUNT CONSEQUENTIA RERUM”

Peter

 

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 Chamemos a isto seja o que for e demos-lhe o nome de democracia das coisas ao que muitos teóricos já chamam a post-democracia, aquela que nos chama periodicamente ás urnas como se fossemos ressuscitados de quatro anos de jejum , um acto estereotipado que começa  nas vésperas do dever ético do cidadão e acaba na noite dos vencedores apitando as charamelas pelos cantos do povoado. Uma democracia low cost , onde votar é uma performance psicológica que dura o espaço de tempo duma suja campanha eleitoral onde as figuras e as palavras se repetem, o comodismo se retracta, a promessa pacifica a vitima reduzindo-lhe o intelecto e capacidade e o homem se faz de herói antes de o ser num entrudo de interesses pessoais e duma classe política paupérrima a vomitar  cartilhas de oportunismo perante o insucesso da obra. Barões e baronetes partidários no meio dum neo-liberalismo ressuscitado a que se submeteu  conscientemente a Europa e a cultura ocidental mas que a maioria deles nem imagina o que seja ou para onde vai.

O paradoxo é que a participação do cidadão ou povo soberano , termina mesmo antes de começar, é nulo o activismo fora do bando partidário clubístico, é inexistente a clareza das ideias , dos actos e nenhuma a sabedoria . Vota-se no cidadão , no bigode ou na casaca , o mesmo cidadão que no tempo do império romano também não se discutia, impunha-se. Prometem-se paraísos entre festas pagas pela desgraça das vitimas  e, findo o festim , reparte-se o benefício pela irmandade dos eleitos. Só isso justifica que  Macron tenha chegado ao poder com quatro votos em cada dez franceses e á Assembleia nacional francesa com 32% por cento  de votos expressos. Os actores repetem-se, as cenas bisam-se e entre nós, quatro decénios depois duma revolução para modernizar as coisas, o cenário não melhorou , temos a mesma cidadania salazarenta da ignorância e do medo. O poder cultiva o engano e o silêncio e entope as leis na justiça. Ninguém pergunta  nem discute sobre os milhões  de euros que a comunidade europeia nos fez chegar ás mãos a custo zero nem sobre onde os gastaram os eleitos,  ou sobre as políticas que levaram o país á ruina e bancarrota, sobre a situação de  miséria e fome que pesa sobre dois milhões de compatriotas,  sobre a emigração dos jovens por falta de trabalho, sobre os que de mãos a abanar enriqueceram , sobre a corrupção que  cheira mal por todos os cantos , entre a qual a que levou a banca nacional á ruina que nos obrigam a pagar. Porque não se faz justiça neste país de cantadores domésticos onde parece haver gente acima de qualquer suspeita? Porque não funciona a justiça para imunes? Porque estão os mesmos galos sempre nos mesmos poleiros , morgados e barões da mediocridade que temos?

Estes e outros é que são os problemas concretos  e reais duma nação, os  que directamente nos afectam e que todos deveríamos ouvir a discutir na praça publica , pondo em causa decisões  e  as pessoas que protagonizaram e protagonizam a péssima gestão. Um complot de gente  e actos que nada tem a ver com os interesses comuns do povo português, cujos resultados desastrosos estão á vista. A ilusão passa de mandato em mandato, os tutores saltam de mão em mão e a natura selvagem para onde se caminha leva á sobrevivência de cada um, um salve-se quem puder!

Esta a via  do neo-realismo que a queda  do contrato social proporcionou arrastando uma Europa multicultural e pluralista, ética, moral e religiosamente, para um  abismo.  O poder que faz as coisas que a politica decide regressou aos interesses individuais, ao monopólio da riqueza, ao poder familiar, ao imobilismo , ao vazio das ideias, ao compadrio  dos partidos ou da maçonaria e renunciou ao humanismo, á sociabilidade, á justiça social que caracterizaram uma via de bem estar do mundo ocidental. Hoje, o povo soberano que fez um pós-guerra de esperança, ou o povo que mais ordena das líricas revoluções cada vez mais esvaziado de conteúdo humano, como bem refere o Papa da  igreja católica romana, sem direitos regulados , volta á escravatura do trabalho mal pago, quinhentos euros oferecem a Câmara de Coimbra e o Sr. Pingo, voltam á austeridade diária, à  descriminação, ao desemprego , á xenofobia perante Estados que perderam a capacidade de controle sobre o reequilíbrio entre o mundo do capital e o mundo do trabalho , um novo poder que deixou em roda livre o poder da exploração, das desigualdades e das assimetrias. Alguns incluem nisto o populismo , um populismo armadilhado por uma direita xenófoba que não sabe verdadeiramente para onde ir. De qualquer modo um trabalho de meio século que o ocidente perde em meia dúzia de anos. Um trabalho que a igreja católica aproveita porque também ela bebe da mesma cultura que construiu o mundo ocidental e espalhou por algumas partes do globo.

Na França, a geringonça dos partidos perdeu a guerra. As pessoas fartaram-se das tretas, da corrupção, da falta de emprego. Das esquerdas ás direitas, foram varridos pelo novel Macron, sem apelo nem agravo.

Por cá porém  o banquete continua e porque estas crónicas são preferencialmente locais , é oportuno ilustrar o que acontece todos os dias com a politicas(?) eleitorais dos nossos representantes. É assim a história simples dum amigo igual a muitas.

O meu amigo não é novo, tem netos e entre esses netos um é autista. Conheço o problema, conheço a criança e por alguma experiência e conhecimento sei quão doloroso , trabalhoso e melindroso é este assunto. E penso que o rapaz, é dum rapaz que se trata, poderia  aprender a falar, a escrever, a ter amanhã uma vida quase normal com aprendizagem  especializada. A família tem procurado  auxilio , mas o ensino público não tem resposta e os deuses do privado,  querem dinheiro, que o meu amigo nem a família tem. Por isto , esta criança amanhã , o que vai ser ou fazer? Fica a pergunta, mas devo acrescentar que não é caso único no município da Mealhada , casos que a Câmara se tem limitado a tratar  em algumas reuniões de que nada resulta para lá da retórica balofa de ignorantes do assunto . No ensino oficial que lhe dão, o único professor ensina a turma ou o autista , claro que deixa o doente á sua sorte porque não o pode atender , nem está preparado para responder ao desafio que a escola lhe propõe.

O que lamento, porque sou cidadão do município, e porque estamos em pré-campanha eleitoral, é que a Câmara da Mealhada tenha 14.000 (catorze mil euros)para pagar a um  cantor , 14.000 euros entre canto, músicos e comissionistas, e não passe de  reuniões ensaiadas para  colocar notícias em jornais na resolução dos problemas reais da população  como é o caso do autismo. O que lamento é que a câmara da Mealhada, o concelho onde resido, tenha centenas de milhares de euros para gastar em festas e foguetes em prol de duvidosos objectivos e se esqueça de quem precisa.

Todos os órgãos duma Câmara se deviam envergonhar ao delapidar o dinheiro do erário público e do cidadão em decisões politicamente erradas e eticamente vazias. Primeiro a cançoneta ou  primeiro a cidadania?  No meu entender,  isto não é política mas abuso de poder e não quero chegar ao ponto de lhe chamar corrupção, cada um julgará por si.  Com o dinheiro dos outros é fácil  fazer boa figura mas muito mais fácil fazer uma péssima figura. Uma figura inútil, desumana, leviana, de discutível moral. Sabendo a quantidade de festas que fazem as autarquias país fora para angariação de votos á custa do dinheiro dos nossos impostos, chamo a isto um esbanjamento abusivo da riqueza publica. Um mal licenciado pelo silêncio dum poder de governar que parece não existir  e se fica pelo conforto do gesto discricionário desse poder , pondo  em definitivo de parte o exercício político.

Um poder que, com a regionalização que se desenha, vai trazer um caos discriminatório ao país e ás pessoas.  

    ª( Titulo:Os nomes são consequência das coisas)                 Quinto All Mare,Génova,Maio,2017

 

 

28
Mai17

O CANDIDATO EGOISTA

Peter

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 A  PROPÓSITO DUMAS PALAVRAS A UM JORNAL

( Declarações do Presidente da Câmara da Mealhada ao Jornal da Bairrada on line que ao que se diz é subsidiado pela própria câmara ))

 

È interessante ler esta entrevista política dum homem responsável que se tornou um político irresponsável. O que aqui diz ou manda dizer pelo assessor que pagamos com os nossos impostos, deve ser para brincar na cara do cidadão e o do Luso, que me toca porque ali vivo e como dali sei, passa as raias da imbecilidade política. O descaramento politico é tamanho que leva a dizer o contrário do que na realidade  se passa e quem conheceu as Termas e as vê hoje sabe que são completamente irreconhecíveis. Aquela que já foi a maior freguesia empregadora do concelho, hoje não tem um emprego para oferecer a ninguém. De facto, nunca assim esteve em 165 anos de termas.

O Salvador do Luso, como já foi etiquetado o candidato á camara da Mealhada , de quem infelizmente a freguesia depende, começou a campanha eleitoral e a única coisa séria que devia fazer era calar-se ir-se embora pois envelheceu e com ela, ao que parece, as capacidades para ocupar o lugar político foram-se e sobreveio-lhe um onda para elogiar não o Trump, mas uma coisa parecida.

Ironicamente, o Luso deve  agradecer–lhe a riqueza em que vive, como confessa o próprio, referindo-se à fundação Bissaya Barreto, os únicos empresários  da terra que lhe mereceram preocupação e o apoio da Câmara, apesar dos lucros, se os tiverem, irem para Coimbra. Devemos agradecer-lhe igualmente o posto de Turismo, pois pelos vistos, confirma o próprio, seria sua intenção fecha-lo, substituindo-o pela aberração dum turismo na Sede do concelho onde os visitantes são tantos que ninguém consegue entrar. Já sabíamos que a intenção era essa , fechar o posto desde que o turismo é turismo e que existe na região  centro, o Luso, o Buçaco, a Curia, a Figueira da Foz. A tacanhez concelhia , aquilo a que eu chamo falta de sentido ou de cultura critica e amor ao chão do berço, apaga a grande cidade e o candidato afirmou que este Luso Buçaco deixou de ser um recurso turistico, vá-se lá saber o que o é, se o não é também a Curia , Monte Real ou a Figueira, o autarca o saberá. E decreta por seu punho e voz publicamente tal qual lhe parece a coisa.

Quer o Luso quer o concelho, parece que devem agradecer a defesa das Termas a este homem que um dia começou por ser seu defensor  com arruadas abrilinas e dias depois trocou a defesa politica das mesmas Termas por serviços prestados ao proprietário termal.  Disse tudo.O Luso deve-lhe agradecer a defesa do Bloco da Fisioterapia, suou estopinhas para defender a sua permanência na vila face á sua total transferência para a Mealhada. Mente quando diz que fez a reabilitação urbana do Luso ou construiu a nova Escola , não foi ele, foi o exercício anterior, no Luso o candidato fez uma retrete pública na melhor entrada do Lago , nos quatro anos de mandato.

O Luso-Buçaco deve-lhe agradecer a representação digna que tinha nas Feiras de Turismo de Lisboa ou de Madrid ia por sua mão e agora já não vai , porque foi agora apeado pelas  maravilhas mealhadenses, uma estúpida representação de turismo que só poderá existir na sua cabeça de político, pois na realidade  o leitão é gastronomia, o vinho enologia e a água é para beber. O que será pois

turismo para o político, a lagoa da Antes ou o odor das pocilgas da Mealhada?

Porque as Termas foram encolhidas, praticamente extintas com  licença camarária, o Luso deve agradecer-lhe consequentemente, o fecho dos bancos, dos correios, das pensões, dos negócios onde nem os chineses se seguram no lugar! O senhor candidato esqueceu o que fez enquanto presidente ou não se lembra que além de festas não fez mais nada ? Quando na campanha anterior prometeu apoio ás pessoas, queria dizer fazer festas, homenagens, heróis, ilustres, sábios, condecorados ?

Valha-nos Deus , valha-nos Zeca Diabo! Enganou-se completamente com a experiência política que adquiriu onde andou pela mão partidária que apoia e não apoia,  agora até cá traz um primeiro ministro do qual foi opositor quando se candidatou a secretário geral do seu partido. Ou não será o seu partido? Para secretário nacional não servia, agora serve para lhe branquear a imagem. As voltas que o teto dá para se manter empoleirado. Não tem sentido, não é a figura política que o Luso ou o concelho precisam.

Mas continuando, as Termas  devem agradecer-lhe o cinema , a ruina que está a cair. O dinheiro que recebe da freguesia por litro de água vendido não é suficiente para reconstruir o velho Teatro Avenida?  É suficiente para o da Mealhada, da Pampilhosa e para o Luso , não é ?  Não  pagamos impostos como os outros ? Somos cidadãos de segunda, ou o candidato anda a fazer de nós parvos? Mantem o segredo da política por onde gasta o dinheiro que recebe do litro de água vendido, que fique claro,  foi o Luso que lho deu para gastar prioritariamente na freguesia. Se não se lembra, eu conto-lhe a história . E o Luso não sabe, não é informado, não merece que lhe diga onde é gasto, e nem um tostão cá deixa?  E mais, o candidato sabe que não tem direito a ele, a empresa pode retirar-lho a qualquer momento que a concessão é do Estado, não da Câmara.
O Luso deve agradecer-lhe ainda a ruína da casa da Miralinda, da Avenida do Castanheiro, ou o incentivo ao Centro Social Nocturno, o acesso ao parque de campismo , a piscina dos campistas ou o parque de estacionamento...e a quinta do Alberto.

O Luso, senhor candidato , o Luso e Portugal, devem agradecer-lhe o crime patrimonial que andam a perpetuar no património comum que é a Mata Nacional do Buçaco. Não pergunte o que seria a Mata sem a Fundação, caro candidato, pergunte o que é o Buçaco com a fundação partidária que ali foi montada. Aqui, o caro candidato não sabe o que é o Buçaco, não sabe o que é património florestal, não sabe o que são os interesses do município onde mora. Pelos vistos vai ao hotel de carro e poucas vezes , pois não consta que seja cego.

Tenha vergonha de defender o estado miserável em que se encontra a Mata do Buçaco e o perigo de destruição que corre. Tenha vergonha, caro candidato , a Mata não é da Câmara da Mealhada, a Mata é Nacional e o senhor gasta o dinheiro que é nosso, que devia gastar em prol do munícipe naquilo que não nos pertence, mas sim a todos os portugueses e como tal são todos os portugueses que o devem pagar. E ainda que o quisesse fazer o seu dinheiro não chega, sabe-o tão bem como eu , e que nunca chegará. O senhor candidato promove a destruição do património Buçaco com consciência  politica plena do que está a fazer. Tem prazer ? Não sei , mas  não venha com amuos sobre os  plantadores das árvores, que se  saiba não actuam sem receber e muito menos os empresários dos mesmos , ou os que os trazem cá!! Nem os anjos do purgatório que ainda não tem o céu, vão hoje nessas campanhas dos tagarelas políticos. Está a fazer do eleitor ignorante? Mas isso era até de menos importância, não fosse a destruição da Mata Nacional que talvez nunca tenha passado por dias tão amargos como os de hoje , por que a única realidade é esta, o ciclone foi há quatro anos e a  Mata não foi recuperada. O resto é retórica partidária e de quem vence para o efeito rendimentos milionários e não apresenta serviço. Somos nós, o cidadão, que pagamos, caro candidato.Sim nós, o cidadão que ganha quatrocentos, seiscentos, oitocentos euros por mês e paga ás fundações cinco mil euros mensais para não apresentar resultados.

Isto que lhe digo pensam as pessoas e não lho dizem porque tem medo de represálias. Não da prisão, pior, é de não ter empregos ou de os perder. De perder os parcos salários que recebem para governar as famílias e pagar ao mesmo tempo vencimentos milionários a clientes partidários para fazer asneiras. E não vivemos no 24 de Abril, vivemos num 25 de Abril que nos custou a ganhar. Olhe por si e vá-se embora, era o melhor que fazia , além de politico era político e homem. Não venha outra vez de porta em porta enganar as pessoas através da gente simples que procura ou de agentes da igreja onde não vai ,para esses actos de campanha como um evangelizador a dar-nos o paraíso. O senhor candidato sabe que não fez nada, nem no Luso nem no concelho e nada vai fazer porque o país não tem dinheiro para um regabofe igual aos primeiros apoios comunitários que nos levaram áo déficit e á divida.

O partido que tão mal representa, tem que mudar de processos porque tem gente séria nova e capaz de trabalhar com afinco e dignidade em prol da população concelhia. O mundo vai mudar. O seu tempo passou, não espere que a cadeira se quebre como aconteceu ao outro. E como salvador do Luso, caro candidato, eu até sou seu amigo, vá pregar para outra freguesia porque só quem não conhece o Luso pode avaliar o achincalhar que o meu amigo faz nas afirmações politicas na cara das pessoas. Esta terra merece respeito , mais que o seu prazer brincalhão. Em política, não lhe perdoo o que faz á  minha terra e ás pessoas que ainda nela acreditam e na sua esperança de futuro.Porque o futuro continua, caro candidato , nem o candidato é o futuro nem o futuro acaba em si. E até o Luso e o concelho, hão-de continuar .

Não continue a mata-la ! Tem sido um péssimo mandato, caro Presidente !

PS-Ah, esqueci-me duma coisa , amigo salvador de pátrias, obrigado pela ótima secção ou polo da Escola Profissional que está a funcionar no Luso. Desculpe ,  já esquecia esta obra exemplar !!!

 

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