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ÁGUASDOLUSO

BURRIQUEIROS,OS QUE TOCAM OS BURROS...

ÁGUASDOLUSO

BURRIQUEIROS,OS QUE TOCAM OS BURROS...

17
Jul18

GIOCONDA E O FUTEBOL

Peter

gioconda.jpg

Aqui temos Gioconda do Museu do Louvre em Paris

com uma camisola da França vestida após a vitória no mundial

de futebol. Mas Gioconda não é francesa, dizem os italianos,

e com razão. Gioconda é italiana , o quadro foi  pintado por

Leonardo da Vinci o pintor  do renascimento florentino.

Mas Leonardo. o autor, replica o museu francês, ofereceu o 

quadro ao rei de França e entregou-lho em mão, embora esta

versão seja mais uma probabilidade que uma realidade.

A polémica instalou-se, mas para os compatriotas do autor o ato

ultrapassa a razoabilidade, Gioconda é uma obra da arte italiana 

de Leonardo e do renasciemento. . Em termos de autoria a arte

parece ser sem dúvida  um património transalpino.

Para  acicatar os ânimos, acrescentam da Itália, também a 

Marsigliese, ou Marselhesa, o hino nacional francês, foi escrito

em 1781 por Giovanni Battista Viotti um músico italiano de

Fontanetto Po , Vercelli e depois reescrito pelo francês  Rouge

de Lisle , um amador que sobre a obra original italiana terá

feito uma versão destinada a hino nas guerras  em curso.

A obra, como hino  francês, só foi oficializada em 1795 mas

sobre a sua autoria sempre existiram dúvidas.

 

 

 

26
Fev14

A ÙLTIMA PENSÃO

Peter

 

 

Comecei o ano a lamentar o fecho da última pensão das Termas do Luso num pequeno apontamento na crónica anterior, mas hoje proponho-me relembrar algumas outras unidades da hotelaria  que o tempo consumiu, umas certamente por inabilidade local, outras por falta de continuidade familiar ,outras pelo estadoi tísico a que chegou a terra por mor de quem lhe extrai  a única riqueza que tem no subsolo, a  água. Não fosse esta riqueza  abundante e talvez as termas tivessem mais oportunidades de sobreviver! Elas foram desde metade do séc. XIX ,o único polo de desenvolvimento local e o desinteresse a que estão agora votadas é  a ruina dos dias actuais. Era de  prever, era de ver!

Alguns leitores  podem pensar que a minha insistência no assunto é exagerada ou que sou pessimista  crónico. Não, não penso uma coisa nem outra, trata-se apenas duma teimosia sem frutos, revolvida sem arado, num terreno de ervas daninhas onde o joio se apoderou da razão. Depois, não entendo como se pode calar a subtração da riqueza dum lugar, e sublinho que pessoalmente nunca subsisti da minha terra natal, quando os exploradores da riqueza  se defendem com a panaceia duns trocos para  manter o silêncio dos poderes politizados e das gentes.   Não quero ser a voz de ninguém mas quero ser, na parte de  que me toca de gentio, a minha  voz. A minha opinião. Um grito de  revolta. O silêncio é a aceitação duma canga que o Luso e a sua população  não merece face á mina que lhe é explorada no subsolo e ao papel activo e ás vezes inovador que desempenhou na àrea das àguas e turismo em Portugal. E ao que construiu durante durante 150 anos de industria.

Viver de recordações ainda que avalize um passado não é suficiente para construir um futuro , há que reconstrui-lo com outros métodos , outas forças e outro empenho.  Foi assim que nos primórdios das Termas se disponibilizaram  casas e quartos para os primeiros termalistas e só depois surgiram as pensões. Dos meus tempos de juventude recordo a Pensão Avenida , a Lusa, a Portugal, a Central, a Alegre, a das Termas, a Astória, depois a Regional, a Imperial, a Bussaco, a Choupal. Sem esquecer o pioneirismo dos hoteis com o Central , depois Coimbra na década de vinte, o Palace do Bussaco, traçado pelo cenógrafo italiano Luigi Manini, o Hotel Lusitano e o Serra ,( herdeiro do  Serra Velho ) , ou o Hotel dos Banhos em pleno centro do Luso e só depois o Grande Hotel das Termas traçado por Cassiano Branco  ou o Eden , mais recente.

A maior parte deste mundo morreu bem como as figuras que lhes deram o nome e lhe sustentaram  a imagem , mas nós, descendentes de gerações comprometidas e activas com este rico espólio  e tradição, somos herdeiros vencidos  pela estagnação verificada. São tempos maus para as pessoas  mas é às pessoas que cabe exigir dos poderes publicos e políticos uma mudança radical de atitude , uma exigência firme na defesa dos interesses locais onde a industria hoteleira e do turismo teve um lugar destacado. Onde o estabelecimento termal  e o seu apoio de fisioterapia  e bem estar  fazem falta e foram  um  bem delapidado inconscientemente com a conivência omissa de entidades com responsabilidades na matéria . Onde, quem subtrai do subsolo  a única riqueza tem deveres para cumprir como polo dinamizador.  Há ou não desenvolvimento, como diz o contrato de concessão? Se há retrocesso , um país honesto só pode rescindir o negócio !

Parece que os concessionários se admiram com a pouca frequência das Termas , resumida a 600 aquistas. Quanto pegaram nisto pela água engarrafada , eram 1800 os utilizadorres. Ironicamente, tudo fizeram para reduzir a um terço a área termal , curiosamente de 1800 metros quadrados, para 600. Admirados? A sua acção foi reduzir, não foi desenvolver! A mesma ironia, mas gostosamente admirados talvez.   Ou a hipocrisia?

Há poucas dezenas de anos a época  balnear fazia do Luso uma pequena cidade com cinco,seis mil habitantes e mais de quatro mil aquistas. Porque destruiram  tudo isto a favor exclusivo da água engarrafada? E as pessoas? O municipio ? A região? Nada conta?

Parece que aceitamos a albarda  estrangeira  e a mama de quem  vende a Pátria sem qualquer reclamação !                                    Luso,Fevereiro,2014

22
Dez12

TEATRO AVENIDA

Peter

Fotografia duma peça representada no Cine Teatro

Avenida em 4 e 5 de Abril de 1964 e depois no  salão

do Casino do Luso.(imagem)

Em cena estão (esq.pªdireita) :

António Santos, António Rocha, José Balau,Fernando Ferraz,

Herminia Santose Fernando Ribeiro.

O espectáculo era composto pela comédia A Máscara Verde,

a farsa Pouca Vergonha e o  entreacto O Exame do Meu Menino.

A fotografia ilustra a segunda peça.  

09
Dez12

O FIM DAS TERMAS

Peter

 

 As TERMAS DO LUSO NO SEU NOVO PAPEL DE CLINICA

  Voltando ás Termas do Luso, foi aqui que nasci, aqui vivo, aqui penso entregar com alguma probabilidade a alma ao criador, gostaria de, sem maçar os leitores, continuar o meu último texto reflectindo sobre um assunto que é o aparecimento de uns cartazes de rua lembrando os setenta e cinco anos da elevação da aldeia a vila. Pode-se depreender que de vinte e cinco em vinte e cinco anos temos festa, pois em 1987, a cinquenta anos do mesmo evento, se produziu nas termas um oportuno opúsculo coordenado por Machado Lopes e Noémia Leitão, sobre o dito cinquentenário, no qual tive então a oportunidade e a honra de participar com algumas modestas linhas e assistir ao mesmo tempo a manifestações politicas sobre o então futuro, hoje presente, do qual se esperavam concretizações de todas as esperanças acumuladas ao longo dos quarenta anos de ditadura, eu direi, por opinião muito própria e discutível, acumuladas ao longo de oito séculos de história pátria, geração após geração de portugueses submissos.

 

  Setenta e cinco anos depois, aqui tenho de novo o diploma respectivo assinado a 6 de Novembro de 1937 pelo Presidente da Republica Óscar Fragoso Carmona e pelo 1º Ministro Oliveira Salazar, cujos considerandos justificativos da promoção a vila se baseiam nos três mil residentes, no incremento industrial, comercial e turístico, e nos milhares de visitantes anuais. Ainda a rede telefónica, o mercado diário, a água e a luz, os hotéis e o casino, o caminho de ferro e a rede de estradas, em conjunto com a informação favorável do governo civil e da junta distrital, constituem os factos concretos para avalizar a promoção. Não parece ter havido aqui o branqueamento dos parâmetros da lei que mais tarde, em democracia, serviram vergonhosamente os interesses pessoais de políticos de pequena estatura para elevarem os seus tugúrios a cidades, colocando á frente do carro os bois, como se vê hoje em tanta nova urbe deste pobre país e deste dilacerado povo, a quem cabe pagar todos os dislates da ignorância e das fraquezas da mediocridade governante.

 

 

 Uma clinica com data de 1852 nascida este ano

O Luso, como se vê, tinha as condições previstas e recuando ás informações que temos relativas àquele ano, não passou por cima da lei, as Termas viviam tempos de crescimento, estava-se nos projectos do Grande Hotel e a água, felizmente para as gerações de então, era engarrafada á mão e na nascente, e escriturada, se podemos nomear assim a criação e a conservação de riqueza, nos manuais duma Sociedade domiciliada no Luso. O Verão era uma época quente e farta, não só esgotavam as unidades hoteleiras como casas particulares e quartos individuais e face á desordem actual do calendário, a época instalava-se metrónicamente entre os meses de Maio e Outubro.

 

  É por isso que olhando para os cartazes que enfeitam o Largo do Centro, o do Casino, dum marketing tão duvidoso que é difícil dar com eles, fico um tanto ou quanto perturbado. Primeiro, porque ali se pode ler que no Luso tudo acontece, mas eu, que vivo por aqui a maior parte do ano, não vi nem vejo nada que seja digno de ver-se a acontecer, a não ser que os ditos cartazes se refiram á destruição das termas e do bloco de fisioterapia, mas isso, francamente, não precisa comemorações mas dum cortejo fúnebre. Talvez não passe duma manifestação semelhante ao show off em que vive o asilo político do Buçaco a estender á freguesia o que não corresponde a qualquer realidade para lá do ridículo duma brincadeira de mau gosto e da ofensa que tem sido feita nos últimos tempos á freguesia do Luso, posta na prateleira da Câmara Municipal por algum acerto de contas. E pelos mais de cem mil contos que a autarquia recebe anualmente do Luso dos famosos tostões litro e que não regressam ao Luso como deviam.

 

    Talvez me chamem nomes pela dureza do que escrevo, talvez me chamem de cavaleiro andante e sonhador. Talvez. Talvez seja dos últimos amantes faladores dum recanto que já conheci diferente, que já vi tratado com mais dignidade, já senti beneficiado com a riqueza das entranhas, já foi objecto e palco do interesse local e regional. Eu e alguns mais desses mal desenganados sonhadores que ainda conservam dum passado não muito longínquo a realidade termal, que ainda criticam o desenlace fatal, erradamente convencidos que o cordão umbilical nos dá algum direito para defender o que quer que seja ao expressar o desagrado e a revolta perante a morte anunciada da economia local.

 

   A utopia é o presente dos dias que correm, o homem é uma peça manipulada pela ambição desmedida e os meios justificam a ambição e a loucura dos fins. O animal assume a pouco e pouco as rédeas cegas das governações a reboque duma globalização sem rei nem roque e as sociedades de puro low cost começam a ser implantadas nos sulcos do terreno com objectivos programáticos. Tudo isto com a integração dos poderes políticos, ditos democráticos, falidos de poder e dignidade e na busca do mesmo ouro, agora classista. A corrida á dureza dos regimes, não se duvide, já começou, tornando o início do novo século numa incógnita para os vindouros. Basta o futuro hipotecado em que nascem!

 

  Voltando ao Luso, pois é isso que me interessa de momento referenciar, não foi a crise que deu origem ao movimento destrutivo, mas as sucessivas mudanças operadas pela concessionária das termas em parceria com o município mealhadense, este, incapaz de manifestar e impor o interesse das populações, preterindo o cidadão munícipe em favor do empresário estrangeiro. Ao medo de perder uma renda aleatória que é do Luso, juntou a comodidade de não despoletar um sentido crítico capaz de antecipar a evidência dum rombo nas termas como veio a acontecer. Em primeiro lugar, o Luso á Câmara deve a situação em que está, mercê da sua desastrada politica para com termas e turismo.

 

   O fecho dum verão termal na abertura das instalações motivado por obras que só tiveram inicio depois de acabada a época de 2008, foi o primeiro sinal da promiscuidade e da impotência dos edis perante, podemos dizer, os pontuais algozes que subtraíram levianamente aos agentes locais um verão já preparado e pronto para ser recolhido em termos de riqueza criada. Uma calamidade para a freguesia e para o município levada a cabo pela irresponsabilidade de quem tinha o poder e levianamente o exerceu.

 

  Se repito estes dados é apenas para não caírem no esquecimento e porque é assim, relembrando e comparando, que poderemos fazer alguma avaliação dos actos e das pessoas e não com as palavras moles das campanhas eleitorais onde o engodo é a regra. De tal ordem, que nas vésperas das duas últimas eleições para a Câmara Municipal, estiveram para ser feitos dois hotéis com Spa na Avenida do Castanheiro. Nenhum foi feito. Nos dias seguintes o jeito foi arquivado por preço desconhecido. Eu, que tenho boa memória não esqueci. Aqui fica com uma recomendação, é que o próximo ano é de eleições, não venham para cá com um terceiro hotel!!! Chega de exploração da mentira na boa fé do cidadão!

 

  Um repuxo sem água e umas Termas sem Termas

Vem a propósito referir que essa mesma Avenida está hoje radical e vergonhosamente abandonada, mas há uma dúzia de anos fazia parte dum projecto que englobava um parque de estacionamento no Vale, junto á Igreja Matriz, um arranjo ajardinado nas respectivas encostas e um prolongamento até ao boneco meio destruído, que ainda agora subsiste a segurar o cântaro partido debaixo dos castanheiros. Pagavam-se nessa altura vinte mil euros ano ao arquitecto Pardal para fazer esses estudos, mas depois de dinheiro gasto, tudo ficou em águas de bacalhau. Mesmo assim a autarquia, não se percebe porquê nem para quê, comprou os terrenos. Talvez tivesse dinheiro a mais e precisasse de o gastar para passar o ano a zeros, uma absurda notícia que dá conta todos os anos do bom comportamento dos tribunos, cuja taça, se não se tratar de habilidades financeiras, há-de ser recebida pelos devedores. Quem se endivida dentro dos limites legais nada tem que temer e nada tem que propagandear, é tempo de deixar de tratar o cidadão com a presunção de burros sobre a curva dos costados!!! È água benta infernizada!

 

 De resto a autarquia destruiu a fonte de S. João com umas carradas de granito transmontano, comprou a Quinta do Alberto para infestação de acácias e covil de cobras e lagartos, nunca mais lhe mexeram, coitados, nem um caterpillar tiveram para ali rasgar um estacionamento provisório! Comprou depois as ruínas dum cinema que em ruínas continua, mantêm um vergonhoso e escuro acesso ao parque de campismo, da piscina que constava do projecto, nem vê-la, tal como cafés e esplanadas de propriedade camarária, está tudo em falência, no campo de futebol velho, nem tocar, está no sítio eleitoralmente errado, e finalmente conseguiram deitar abaixo a escola, uma estrutura praticamente nova que necessitava apenas duma mudança de telhado! Optaram por fazer uma nova escola de raiz quando afinal se prevê que os alunos diminuam!

 

País rico o nosso, com três milhões de esfomeados diários a permitir-se esbanjar dinheiro por gestores (?) cuja política é o retrato da própria irresponsabilidade! Já se sabe quando lhes pagamos para isto!

 

Como se vê, o Luso parece não ter razões para festejar 75 anos de vila. Com 1048 anos de idade total conhecida, está finalmente despojado da única riqueza que lhe foi encontrada no ventre materno, a água. Mercê da excelência da estratégia da concessionária termal e do município, o Luso ficou finalmente despojado de tudo que cheire ao produto e suas consequências. A última parcela que cheirava ainda a aquífero, o enchimento, foi-se e com ele, parece que mais umas dezenas de postos de trabalho.

 

Face ao arremedo das termas que existem hoje, e do fim do bloco da fisioterapia, o melhor é fechar definitivamente as portas!  A meu ver, esta é a realidade que o Luso tem para festejar. Obrigados edis eleitos , merecem uma estátua!!!Mais o Pontes|

 

Bem pode o lugar, a freguesia, o município, deitar foguetes e bailar!!!!! 

 

  Luso,Novembro,2012                             aguasdoluso.blog.pt

 

13
Nov12

O ESTADO DAS TERMAS

Peter

 

                                                                                                               

A história não se passa nas Termas de Luso mas na Clinica que agora a substitui e o protagonista é um velho frequentador do balneário que por nostalgia ainda hoje regressa durante o verão para beber as suas águas e fazer o seu tratamento. Às vezes diz que só a morte o impedirá de vir, mas há dois anos a esta parte antes de vir para o Luso, já passou por outra estância termal, aquela para onde o atiraram para fazer as grandes obras de reduzir as termas a um terço do seu antigo espaço. É apenas a saudade que o traz cá e a preguiça numa mudança de afectos enraizados na alma que o mantêm fiel á tradição. Aliás são poucos mais que estes dinossauros os frequentadores das desarticuladas termas, encolhidas em espaço, em serviços e em capacidade de receber mais que meia centena de aquistas de cada vez, na prática. Há alguns tempos atrás enchiam-se com centenas de clientes hoje com cinquenta estão esgotadas. Como convêm. Na porta um aviso visível não deixa dúvidas a ninguém, «entrada reservada a clientes da clínica fulano tal…».

   Nesta sede de emagrecimento, o bloco da fisioterapia também encerrou embebido na anestesia dum engodo sem isco posto pela concessionária e que alguém voluntariamente bebeu não se sabe porque preço. Uma cicuta tomada com gosto pelos eleitos locais que tão pauperrimamente tem tratado os assuntos da freguesia do Luso e das Termas.

   Apesar de tudo o Albuquerque, nome fictício, chega sempre em Setembro, não se exime á eventualidade de acompanhar o balneário até ao derradeiro cliente, ao último estertor, ao derradeiro ano. Instala-se, vai á consulta e começa o tratamento. Num desses dias deixou o relógio de pulso no balneário juntamente com a roupa e só quando submergia na banheira de água quente deu conta da sua falta mas como existia um relógio pendurado na parede achou que o iria seguir para controlar o tempo. Porém, quando se fixou no pequeno aparelho verificou que estava parado. Ao chegar a empregada para dar por terminado o banho descontrolado perguntou-lhe o que estava ali a fazer o relógio, se afinal não funcionava!

   Bom, a mulher desculpou-se o melhor que conseguiu, trabalham sobre pressão, até dizer atrapalhada que estaria avariado e que o técnico ainda não tivera oportunidade de vir arranjar o realejo.

-Que técnico, perguntou o Albuquerque? Ponham cá outro relógio e deitem este no lixo! Retorquiu o banhista ciente do seu reparo. E acrescentou:

-Se quiserem, eu amanhã trago um igual e penduro-o aí.

-Oh não, senhor Albuquerque, por amor de Deus, isso ficava-lhe caro…

-Caro como menina? Isso é um relógio chinês, custa três ou quatro euros!...

-Como é que sabe que é chinês?

-Já o tirei para verificar a origem e sei onde os há a esse preço. Diga lá á direcção que se não tiverem dinheiro terei gosto em oferecê-lo.

   Por outro lado, a Dona Genoveva Vasconcelos, Genovevinha ou Genoveva velha conforme é conhecida pelas costas desde que as empregadas são empregadas, que se diz marquesa das terras de Monforte no Alentejo pelo lado do falecido marido e frequenta as termas desde que se viu nascer, melhor dizendo, desde que se conhece, voltou este ano para o Grande Hotel. Dali passou ao balneário para efectuar os tratamentos, por aquilo a que chamou horrorizada o túnel do purgatório. Foi a primeira vez que veio depois das obras de encurtamento da estrutura termais, (encolhidas conforme agora estipula o contrato de concessão conluiado com Estado e Câmara) e logo após a primeira sessão a vontade de ir embora espelhava-se na face enrugada pela idade mas madura pela experiência. E dizia insatisfeita:

-Então ó senhor Amado, não é que saímos das instalações do hotel por um corredor que parece nunca ter sido limpo e entramos numa espécie de inferno?

-Inferno? Admirou-se o Amado de olhos abertos de espanto.

-Sim senhor, todas as funcionárias vestidas de preto, carregadas de luto…! Assim fui despejada do túnel, enfrentando aquele atendimento de negro, fiquei aterrorizada!!!!! Estou na antecâmara da morte, ou num velório de defuntos? Pensei mais adiante perante uma fileira de velas acesas ao longo dum corredor. Disse mal da minha vida e quis regressar a casa imediatamente. Não fosse o respeito pelo esforço feito pela minha filha arranjando tempo para me acompanhar ás termas durante os quinze dias de tratamento e iria embora de seguida.

-E depois, sr. Amado, as termas não são aquilo que eram, minguaram, apertaram-nos contra paredes em cubículos onde mal se cabe, não há espaço nem bem-estar!

   Estas historietas, ou aquela do termalista que chega ao Largo do Casino e perante a indicação de clinica ali anunciada nas parangonas da tabuleta, pergunta se as Termas mudaram de lugar, servem para ilustrar o abandono em que a estância termal foi colocada e testemunhar o muito mau ano turístico do Luso, praticamente reduzido ao enchimento de garrafões na Fonte de S. João, coisa que anima o fim-de-semana dando a ilusão dum movimento que está longe de o ser. Na realidade, as Termas são uma catástrofe, acabaram para os agentes locais e não são estes turistas a que sem ofensa chamarei de pé rapado, porque em relação ao turismo termal são isso mesmo o que são, que alimentam o verão local em termos financeiros. O termalismo que alimentava a pequena economia local, acabou, é um pequeno resíduo em fim de ciclo e vida.

   Há satisfeitos nisto? Sim, sem dúvida a concessionária que diminuiu as termas e a Câmara Municipal da Mealhada e os seus eleitos, que o consentiram. A quem cabe grande parte da responsabilidade desta catástrofe. Devem estar contentes com a obra e com o apoio que deram á concessão das termas, fisioterapia incluída, para arrasar aquilo que era a Vila Termal do Luso. Pessoalmente não tenho qualquer dúvida acerca desta cumplicidade, consciente ou não, entre autarcas e concessionários, que de um, passaram a dois, quiçá para confundir e irresponsabilizar os sucessos. Num país como Portugal, os factos tem que ser duplicados, triplicados, quadruplicados para que não tenham principio nem fim nem solução. E desaparecem responsáveis e culpados. Por isso todas as desgraças caiem sobre a mesma gente, o mexilhão e daí que a história pátria se escreva nos anais dos séculos quase sempre pelas linhas tortas da mediocridade dos poderes, pela ganância dos detentores da riqueza, pela incumprimentos das leis, pelo fio da guilhotina no pescoço do cidadão.

   O meu amigo e conterrâneo Rebelo, um especialista em coisas desta área do turismo, um entre muitos dos pioneiros que foram do concelho da Mealhada para fazer o Algarve e por lá ficaram, falta por aqui um monumento a esta gente, apesar da grande intimidade e amizade que tem com o presidente da autarquia, escreveu a um jornal local uma carta relevando o assunto, dando também testemunho deste abandono, uma espécie de epitáfio á situação actual da terra e da sua actividade. Um cântico bíblico e cândido aos restos das termas do Luso encomendado juntamente com as luzes do velório.

   Suponho que por estar longe o fará com extrema brandura mas o sentimento telúrico é o mesmo. E aponta o dedo às autarquias, aos comerciantes, aos lusenses em geral. Quanto aos eleitos paroquiais, nem existem no contexto actual. É com irresponsável silêncio que têm acompanhado pacificamente as doenças da terra, o definhar, o morrer. Ninguém reage ás barbaridades a que vamos assistindo. Por omissão, por incapacidade, por burrice, por eventuais incómodos? Não se sabe, talvez até pelos níqueis dos lugares que ocupam se remetam ao interesse do silêncio. Acomodam-se e se bem que a concessionária na minha opinião seja a principal liquidatária das Termas, não estão isentos de menos culpas a freguesia, o município e o próprio Estado através do órgão que concessiona a mina de água.  Duns e doutros, eleitos da freguesia e do município, a concessionária faz há muito tempo gato-sapato, aproveitando a nula clarividência política dos eleitos para destruir as termas. Nem uns nem outros sabem defender os interesses locais e em abono da verdade tem-se colocado ao lado dos interesses dos estrangeiros detentores da riqueza contra os interesses municipais e do cidadão. Os eleitos da freguesia, também com prejuízos para as termas, é evidente, ainda que por várias razões pouco se lhes possa pedir.

  A acompanhar a queda das Termas, dentro de pouquíssimo tempo fecha o último vestígio da água do Luso dentro do território da freguesia, o engarrafamento dos Moinhos e com ele o Luso fica definitivamente espoliadado do património do seu subsolo, sem um cêntimo que seja de contrapartida pela desenfreada exploração. Vergonhosamente, nem uma Junta de eleitos vicinais, nem um eleito na Câmara abrem a boca em protesto perante um facto consumado que, levianamente, ajudaram a consumar.

Não é coisa espantosa, corroborando a acusação do meu amigo algarvio, o Luso tem o que merece, não só pela apatia de todos nós como pela inércia dos representantes a quem deram os votos nas eleições. Quem cala, consente!                    Luso, Outubro,2012

25
Out12

CLUB DESPORTIVO FOTO

Peter

 

Outra fotografia curiosa na história do desporto nas 

Termas do Luso é esta que se publica acima.

Com a ajuda de várias pessoas, identificamos os

protagonistas aqui muito bem retratados.

São:

De pé: Orlando Gato (dirigente),Prof.Joaquim Leite

(dirigente) Maloio,Manuel Furriel,Bilota,António Rocha,

Carlos Pataco(guarda redes) Ângelo,Malaguerra,

Zé Pirata,  António Guitarra, Antero Peseta,Eugénio

Cláudio, Peixoto, António Perneta (dirigente).

Ajoelhados: Adelino Rocha,Américo Leite,Manuel Lapin,

Julio Cabral,Albano Iscas,Henrique Fonseca,Manuel

Tanásio,Quim Leite,Manuel Bica,Manuel Santa,Fernando

Ribeiro,José DiasPereira (treinador)

17
Out12

DESPORTIVO 1952

Peter

 

Numa altura em que o Portugal  dos crakes milionários não consegue

resultados capazes, eis uma velha foto do onze do Desportivo do Luso

no campo do Valinho. Calculamos que esta fotografia  tem 60 anos  de

idade, tirada no longinquo ano de1952. Por isso mesmo, muitos dos

presentes já não  estão entre os vivos.

Aqui fica uma simples homenagem lembrança aos seus nomes tal como

eram conhecidos na faceta futebol, bem como ao amor á camisola desse

tempo, quando o dinheiro ainda não corrompia o desporto.


De pé:

Rogério,Gonçalo,Abel,Zé Pirata,Valdemar,Germinal,Manuel Bolas

De joelhos:

Antonio Rocha,Albano Iscas,Américo Leite,Manuel Bica,António

Guitarra.

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