O SEXTO WC DO LAGO
O brilhante contendor WC, que logo a 10 metros de distância tem as duas
1ªs retretes do município!!!! Na parte posterior, caixotes do lixo. Note-se
que é a entrada no recinto,onde perfume não vai faltar!!! Cabecinhas...
Se havia espaço que necessitava de mais uma casa de banho, retrete ou wc, chamem lá o que quiserem à estrutura, era o Lago do Luso. A sexta casa de banho!
Apesar de parecer uma banheira, ter uma piscina que não passa de bacia para os tempos que correm (ainda estamos á espera da piscina do parque de campismo), o Lago possui num raio de cinquenta metros, cinco casas de banho propriedade do município da Mealhada. Não vou aqui enumera-las, qualquer cidadão político que sinta alguma responsabilidade como eleito saberá exactamente onde estão e não cabe pois ao escriba que subscreve o comentário pormenorizar a posição geográfica das ditas estruturas. O que acontece de facto, é que algum iluminado de entre os muitos que existem nesta terra ou fora dela, entendeu que mais uma water coset (é mais chic em inglês) poderia bater um record e figurar no Guiness, só assim se consegue compreender a construção dum novo e horroroso paralelepípedo na entrada principal do recinto, ali mesmo colado aos caixotes do lixo que hão-de completar, perfumando, o aparato das portas que felizmente não tem. Como é costume dizer cá por cima, vai tudo ribeira abaixo e as enxurradas de Inverno hão-de fazer o resto. Deviam também levar o esperto que encomendou o sermão!
Não sei quanto gastou a edilidade para edificar esta obra-prima intestinal dedicada ao turismo e ao turista, mas garanto que foi uma ninharia em relação ao que recebeu e vai continuar a receber através do património económico da freguesia cá de cima durante o mandato de quatro anos que está a decorrer. Esta verba sim, apesar da transparência dos órgãos da Câmara ou de quem os comanda não ser nenhuma, posso estimar que a edilidade receberá nos quatro anos do mandato a decorrer, para cima de dois milhões de euros, provenientes da espécie de imposto que recebe dos litros de água do Luso vendidos nas garrafa, tema que aliás já tenho referido.
Só se fosse de ouro, aquele horroroso contendor das obras poderia justificar a boa vontade e o interesse dos autarcas concelhios pela freguesia e pela actividade turística em geral, da qual não me tem passado despercebido o engarrafamento permanente do novo posto de turismo, esse também uma obra-prima importantíssima no contexto da mesma actividade no território municipal. O paralelepípedo WC, terá custado, com muito boa vontade, não mais de oito, nove, dez mil euros e já está muito bem pago!
Para onde foram ou vão os milhões recebidos no mandato? Na minha maneira de ver, o Luso e não só, tem todo o direito de saber, sobretudo porque no Luso, ainda que o não pareça, esta obra do WC é a única levada a cabo pela Câmara nos quase quatro anos do mandato que leva. Convenhamos que gastar dez mil euros quando se recebem dois milhões não é só uma injustiça, mas uma falta total de respeito para com a população local, para com a hotelaria local, para com os comerciantes locais, para com o turismo local. Uma indignidade por parte da actual Câmara mealhadense que a freguesia do Luso não merece, não deve, não pode calar, mas cujos eleitos, imaturos ou distraídos, calam. Limitam-se a festas e améns mas isso não serve os interesses locais, é preciso lutar pela terra e pelos seus direitos que não vem sendo respeitados pela política e pela democracia da Câmara.
Dinheiro não falta á autarquia , cujas festas , festinhas e festetas se multiplicam por todo o lado a par da prodigalidade de subsídios , prémios e outros indícios de idêntico teor. Mas a realidade nua e crua é que se o mandato anterior foi de compra de sucata imobiliária que hoje não serve para nada, o actual é de festas e romarias que para muito pouco servirão no dia de amanhã depois dos foguetes rebentados. Repete-se a história da cigarra que leva a vida a cantar, mas agora sem formiga a amealhar poupanças.
Quanto a nós município, por incapacidade ou inércia, passaram oito anos sem estratégias de desenvolvimento numa espécie de mercearia de compra e venda a retalho e navegação á vista, com uma partidarite doentia a mastigar em seco a falta de desafios e ideias. Ajudando mesmo a destruir parte do património local.
Para esclarecer o leitor que ainda tem paciência para me ler depois de duas centenas de crónicas, permito-me voltar ao início e ao contendor WC do Lago do Luso. Não vou aqui resolver a questão da sexta casa de banho, ela já está resolvida com o dinheiro de todos nós, só vou portanto adiantar que esta obra, absolutamente dispensável, se resolveria facilmente e sem qualquer gasto através das existentes, não fosse a fartura que grassa nas autarquias, em contraste evidente com a maior parte da população onde o rendimento escasseia, bem como o facto de no ano que vem haver eleições autárquicas. De resto, os verdadeiros interesses das pessoas passam ao lado da política. Estas são verdades que eu entendo e gosto de as deixar claras por obrigação de consciência e ética, que nas coisas políticas é um bem essencial.
Por fim causa-me muita admiração o facto das autarquias, um pouco por todo o país, gastarem milhões de euros em festejos e espectáculos utilizando o dinheiro que é de todos nós, quando para o fazer vamos pedir constantemente dinheiro ao estrangeiro aumentando uma divida que somos nós, o povo, que um dia há-de pagar. Parece-me uma casa de loucos irresponsáveis a arruinar o futuro dos próprios, dos filhos, dos netos e dos bisnetos!
PS-Quanto a uma junta de freguesia que por aí existe, nem é bom falar !!!!