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ÁGUASDOLUSO

BURRIQUEIROS,OS QUE TOCAM OS BURROS...

ÁGUASDOLUSO

BURRIQUEIROS,OS QUE TOCAM OS BURROS...

20
Ago17

ENGOLIR SAPOS VIVOS

Peter

 

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Na sala de visitas das Termas do Luso , esta obra prima destaca-se

N o estranho mundo partidário, os barões, á boa maneira lusitana, candidatam-se aos lugares políticos num caricato absolutismo como se fossem representantes exclusivos da democracia, da sabedoria e do poder. Neste caso do poder, ele de facto está tão mal repartido e exercido que a rua é o seu lugar, a influência o seu exercício, a dependência a sua autoridade, a irresponsabilidade a sua filosofia, a traficância o meio.

Não bastando a falta de compromissos qualificados e quantificados perante os eleitores, uns candidatos de Pedrogão Grande, onde recentemente se representou uma tragédia nacional de graves consequências, “marimbaram-se” para os militantes partidários e escolheram-se a eles próprios para candidatos às eleições. Os militantes revoltados queixaram-se, com razão, que serviriam apenas para pagar cotas e a coisa veio nos jornais mercê da visibilidade actual daquele concelho. Parece ser o Costa que vai apagar o fogo!

Curiosamente, o mesmo se passou no partido que detém o poder no município da Mealhada. O candidato a candidato, ao mesmo tempo presidente cessante com quase quarenta anos de tarimbeiro, se é que isso significa alguma coisa, escrupuloso quando Lisboa democraticamente o associou a uma candidatura, acabou por meter a viola no saco e fez o que fizeram em Pedrogão, proclamou-se candidato sem a opinião dos militantes e  aval dos órgãos próprios, como primeiro referiu quando lhe convinha armar-se em democrata. Para os militantes  não foi um grande exemplo da democracia que se cultiva no seio destes açambarcadores de poder, arautos dum paraíso concelhio que não existe, apenas apregoam, com assessores que o erário  público paga a favor dos seus propósitos  políticos. Há exemplos. No dia 2 de Agosto, um cheiro nauseabundo de pocilgas percorria a Mealhada para receber os clientes da fileira do leitão, mas o fenómeno fica na gaveta das omissões, não vá prejudicar os candidatos que não mexeram uma palha para resolver a questão que se arrasta há muitos anos. Tal como escondem ou não divulgam os dados oficiais sobre o turismo no concelho, todos eles coincidentes no retroceder das receitas nos últimos anos, bem como da diminuição da oferta de quartos e outros serviços, uma resposta inequívoca à incompetência que grassa na política levada a efeito nesta matéria pelo edil do turismo, o próprio presidente da autarquia, ou a situação actual das Termas do Luso, onde os balneários, em pleno Verão e mês de Agosto estão praticamente “às moscas” como sói dizer-se e a terra é invadida por romeiros de fim-de-semana a que chamam turistas sim, mas de pé rapado e garrafões na mão que nada deixam de riqueza no local. Esta é de facto a triste realidade a que chegou o concelho com um edil do turismo mais apostado na omissão das verdades que na procura de saídas para os problemas grandes e graves que o município enfrenta. Bastam-lhe “barbaridades” gratuitas como o não destino turístico ou o acabar da marca Luso-Buçaco que tem século e meio de existência e que hoje pretendem substituir por Mealhada-Buçaco para fazer da sede do concelho aquilo que não é. Esta sofreguidão irracional só tem trazido prejuízos ao território e não pode ter futuro sustentado porque lhe falta exactamente a sustentação de meios. A massa crítica nesta matéria é muito pobre e aquela que existe, fruto dos 150 anos de actividade termal, reside nas termas e é cuspida para fora da carroça do poder. Os destinos turísticos não se fazem a martelo e a picão, como se pensa na autarquia, são fruto do meio, do tempo e da experiência que se adquire em anos e anos de trabalho árduo e cujo saber e cultura tem que ser respeitado e aproveitado. Aqui, em vez disso, delapida-se por inveja ou por ciúme o saber acumulado. A total irresponsabilidade!

Outro tanto é a incapacidade autárquica junto do poder central no sentido de fazer cumprir ou renegociar a concessão da água, cujo contrato, que envolve o desenvolvimento do complexo termal, não está a ser rigorosamente cumprido. Estratégia turística para o concelho não há e a única que funciona vem da aposta na área desportiva na sequência do Centro de Estágios, uma estratégia que nasceu no Luso e não na cabeça ôca dos autarcas camarários, como hei-de relatar.

Não contente com estes fenómenos o candidato convidou para o seu elenco partidário gente do PSD, o seu real inimigo, não se sabendo hoje quem é quem dentro das listas que amanhã irão a sufrágio nem os “complôs” que sustentam estas manobras “maquiavélicas”, troca-tintas de quem disse cobras e lagartos dum partido, o socialista. Jogos de traficâncias políticas ou de troca de favores em que o candidato é perito, dá-nos ensejo para pensar que o PSD tem duas listas, uma própria, outra por procuração, casos da Mealhada e o do Luso, onde o partido, por escolha do “candidato senhor e amo” e não das dezenas de militantes locais que pagam quotas, continua a apostar no PSD. Quem quiser votar no partido socialista neste concelho, tem pois que engolir sapos e lagartos para seguir as bizarrias dum eterno candidato que só cai com a cadeira.

Por sua vez a autarquia , infelizmente um dos maiores empregadores num município onde a riqueza é escassa e pouco retributiva, tem um orçamento apetecível para o meio e como tal é objecto das influências da polítiquice local, perante um pequeno círculo de vinte mil habitantes. Não é segredo para ninguém que os partidos fora da área do mando têm tido dificuldade em compor as suas listas, exactamente porque as pessoas se desculpam com o emprego precário deste e daquele familiar que as autarquias, as fundações, as seitas e outros compadrios mantêm á laia de favor. O medo de represálias, ainda que o voto seja secreto, vive-se, alimenta-se e impõe-se hoje, exactamente como nos tempos de Salazar, uma vergonha nascida da municipalização impreparada e imune a que assistimos e que funciona em roda livre e profissionalizada por amadores bem pagos. A democracia rasca ou de low- cost  onde a transparência é nula.

Tenho andado a escrever há muito tempo nestas meras crónicas pessoais que a Câmara nunca terá dinheiro suficiente para recuperar o Buçaco, e na semana passada, o candidato e ainda presidente de um mandato onde não fez absolutamente nada para além de manter em serviço as mordomias das festas, reconheceu perante o novo secretário de Estado das Florestas em visita á serra, que não tem esse dinheiro para recuperar o património do Estado, e não terá nunca acrescento eu, que ando neste mundo há tempo demais para acreditar em milagres e promessas de tarimbeiros relapsos. Patético, simplesmente patético, este reconhecer forçado duma realidade que logo na altura se mostrou á evidência não ser possível e cujo desfecho se ficou a dever á própria Câmara que recusou do Estado a comparticipação, optando por meter-se num sarilho donde não pode facilmente sair, um erro imperdoável que nos tem custado caro em termos financeiros e patrimoniais. Registe-se que por tal motivo esta é a única fundação que não recebe do Estado qualquer verba.

Para acabar, outra coisa que me cheira a mofo e bolor nestas fanfarronices eleitoralistas, são as comissões de honra, algo anacrónico num tempo desmultiplicado pela digitalização da fibra óptica, smartphones e hologramas! Quando era novo e participava na organização de bailes, presidiam o Messias, o Figueiredo, o Melo, uma garantia á virgindade que hoje não se usa por escassez de donzelas !  Esses remakes dos salamaleques e da camisa TV são fenómenos absolutamente desparasitados, faziam parte integrante do espirito dum Estado Novo que morreu velho ou não morreu.  Acho-as coisas obsoletas, doentias, expressão dum saudosismo que as sociedades actuais já não interiorizam nem com alma nem com razão. Como me cheira igualmente a traça e bafio aquela gente da minha terra que assume cargos políticos para bronzear os dourados e nem sequer abre a boca na defesa do lugar onde nasceu. Honradamente quem vai para pagar jeitos com a boca do silêncio, era melhor abster-se, também honradamente. Uma retrete em quatro anos é um péssimo serviço prestado e no entanto há quem goste!

 O mundo  mudou há muito tempo, aqui nada mexeu!

Luso,Portela do Picado, Agosto,2017                                Águasdoluso.blogs.sapo.pt

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