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ÁGUASDOLUSO

BURRIQUEIROS,OS QUE TOCAM OS BURROS...

ÁGUASDOLUSO

BURRIQUEIROS,OS QUE TOCAM OS BURROS...

26
Fev14

A ÙLTIMA PENSÃO

Peter

 

 

Comecei o ano a lamentar o fecho da última pensão das Termas do Luso num pequeno apontamento na crónica anterior, mas hoje proponho-me relembrar algumas outras unidades da hotelaria  que o tempo consumiu, umas certamente por inabilidade local, outras por falta de continuidade familiar ,outras pelo estadoi tísico a que chegou a terra por mor de quem lhe extrai  a única riqueza que tem no subsolo, a  água. Não fosse esta riqueza  abundante e talvez as termas tivessem mais oportunidades de sobreviver! Elas foram desde metade do séc. XIX ,o único polo de desenvolvimento local e o desinteresse a que estão agora votadas é  a ruina dos dias actuais. Era de  prever, era de ver!

Alguns leitores  podem pensar que a minha insistência no assunto é exagerada ou que sou pessimista  crónico. Não, não penso uma coisa nem outra, trata-se apenas duma teimosia sem frutos, revolvida sem arado, num terreno de ervas daninhas onde o joio se apoderou da razão. Depois, não entendo como se pode calar a subtração da riqueza dum lugar, e sublinho que pessoalmente nunca subsisti da minha terra natal, quando os exploradores da riqueza  se defendem com a panaceia duns trocos para  manter o silêncio dos poderes politizados e das gentes.   Não quero ser a voz de ninguém mas quero ser, na parte de  que me toca de gentio, a minha  voz. A minha opinião. Um grito de  revolta. O silêncio é a aceitação duma canga que o Luso e a sua população  não merece face á mina que lhe é explorada no subsolo e ao papel activo e ás vezes inovador que desempenhou na àrea das àguas e turismo em Portugal. E ao que construiu durante durante 150 anos de industria.

Viver de recordações ainda que avalize um passado não é suficiente para construir um futuro , há que reconstrui-lo com outros métodos , outas forças e outro empenho.  Foi assim que nos primórdios das Termas se disponibilizaram  casas e quartos para os primeiros termalistas e só depois surgiram as pensões. Dos meus tempos de juventude recordo a Pensão Avenida , a Lusa, a Portugal, a Central, a Alegre, a das Termas, a Astória, depois a Regional, a Imperial, a Bussaco, a Choupal. Sem esquecer o pioneirismo dos hoteis com o Central , depois Coimbra na década de vinte, o Palace do Bussaco, traçado pelo cenógrafo italiano Luigi Manini, o Hotel Lusitano e o Serra ,( herdeiro do  Serra Velho ) , ou o Hotel dos Banhos em pleno centro do Luso e só depois o Grande Hotel das Termas traçado por Cassiano Branco  ou o Eden , mais recente.

A maior parte deste mundo morreu bem como as figuras que lhes deram o nome e lhe sustentaram  a imagem , mas nós, descendentes de gerações comprometidas e activas com este rico espólio  e tradição, somos herdeiros vencidos  pela estagnação verificada. São tempos maus para as pessoas  mas é às pessoas que cabe exigir dos poderes publicos e políticos uma mudança radical de atitude , uma exigência firme na defesa dos interesses locais onde a industria hoteleira e do turismo teve um lugar destacado. Onde o estabelecimento termal  e o seu apoio de fisioterapia  e bem estar  fazem falta e foram  um  bem delapidado inconscientemente com a conivência omissa de entidades com responsabilidades na matéria . Onde, quem subtrai do subsolo  a única riqueza tem deveres para cumprir como polo dinamizador.  Há ou não desenvolvimento, como diz o contrato de concessão? Se há retrocesso , um país honesto só pode rescindir o negócio !

Parece que os concessionários se admiram com a pouca frequência das Termas , resumida a 600 aquistas. Quanto pegaram nisto pela água engarrafada , eram 1800 os utilizadorres. Ironicamente, tudo fizeram para reduzir a um terço a área termal , curiosamente de 1800 metros quadrados, para 600. Admirados? A sua acção foi reduzir, não foi desenvolver! A mesma ironia, mas gostosamente admirados talvez.   Ou a hipocrisia?

Há poucas dezenas de anos a época  balnear fazia do Luso uma pequena cidade com cinco,seis mil habitantes e mais de quatro mil aquistas. Porque destruiram  tudo isto a favor exclusivo da água engarrafada? E as pessoas? O municipio ? A região? Nada conta?

Parece que aceitamos a albarda  estrangeira  e a mama de quem  vende a Pátria sem qualquer reclamação !                                    Luso,Fevereiro,2014

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