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ÁGUASDOLUSO

BURRIQUEIROS,OS QUE TOCAM OS BURROS...

ÁGUASDOLUSO

BURRIQUEIROS,OS QUE TOCAM OS BURROS...

26
Jan15

175-UM JAZIGO OPORTUNISTA

Peter

urna.jpg

Chapa preta sobre o tumulo e o fim das Termas????Que defundo  aqui mora?

N ão vale a pena resmungar, vai tudo p'ra Mealhada!!!!!

Corria o ano de 1955 quando foi construido este fortim de cimento, não para servir em qualquer guerra mas para proteger e orientar a usurpação da água do Luso para a Mealhada e Antes. Para a Antes, talvez porque o autarca era dali, a história repete-se sempre,onde está o poder está o abuso e assim, apesar de se prever que a enxurrada não fosse suficiente para o abastecimento do município, os tempos eram propícios ao autoritarismo e a ditadura deu a ordem que foi transmitida com conhecimento óbvio do próprio Oliveira Salazar.

No entanto, a freguesia do Luso, pesem todas as contradições entre políticas e regimes, tinha então sem dúvida mais poder de critica e de protesto do que tem hoje ,e saiu em peso para a rua, armada de pedras, enxadas e varapaus , acantonou-se dias seguidos debaixo dos chorões que guardavam os dois tanques da água e manifestou-se veementemente, ameaçou, correu com a primeira levada de funcionários municipais e gritou os seus direitos aos quatro ventos desde a sede da freguesia até a Cova da Areia e aos assentos do poder . Quando o cabo Roças não se entendeu com o assunto, chamou a policia de choque a intervir e o palavriado barato dos engodos pacifistas deu lugar á pedra, ao pau , à pancadaria e só as velhas mausers da GNR e as  metralhadores pesadas  mais os garrotes físicos contra a liberdade de expressão serenou os ânimos e possibilitou aquilo que na altura foi considerado pela população , o roubo da àgua da fonte de S. João.

 

tratamento.jpg

 A  ex-estação de tratamento , um simbolo muito pouco simpático da história da terra !

Em paralelo, o município continuou o abuso e chamou á nascente sua, utilizando o poder do mando e da ditadura existente para executar as suas decisões, também elas fora de qualquer ortodoxia democrática. Assim a Câmara autarquia, tomou posse da propriedade. De facto, a fonte fora sempre da Junta, havia até um emblema erguido num pequeno pedestal fazendo jus à propriedade e era um roubo subtrair agora, sem esta nem aquela, a àgua cristalina às onze chorudas bicas que ,depois do grosso tombo, escorriam felizes por uma rede de canais de rega ardilosamente abertos de forma a chegar a todos os pontos do lugar e de fora do lugar. Naquela altura, bradava aos céus que assim fosse usurpado um bem e só a força bruta das armas podia amedontrar a razão a par duma polícia política secreta e ameaçadora.

Não fora essa mesma polícia que poucos anos antes tratara da saúde ao perigoso comunista Cunhal pondo-lhe a mão em cima quando recuperava calmamente da sua fraca saúde em frente da Vila Aurora no Casal de Santo António? Desse, apesar do secretismo que envolveu a captura apoiada pela mesma Câmara da Mealhada, pouco ou nada se sabia, mas o governo não se fazia rogado no  tecer das mais torpes considerações sobre o homem, um comedor de crianças ao pequeno almoço, um matador cruel e feroz, um inimigo da pátria , da igreja e da nação, tudo metido no mesmo saco, tal a grandeza do Demo que lhe afinava os miolos, aparafusados em pura maldição nos antros mais esturricados dum real inferno de Dante!

tumulo 1.jpg

Uma obra prima no meio do passeio para peões...!!!!!!

Andava na escola primária quando isto aconteceu , aprendia as primeiras letras nas derradeiras aulas da dona Judite , mas a notícia desta operação tantas vezes ensaiadas para apanharem o pobre rapaz com a cuecas na mão ás sete horas da manhã e uma rapariga a dormir no quarto ao lado, foi como um acto solene e ao mesmo tempo diabólico, coisa descrita em silêncio de ouvido para ouvido entre os poucos habitantes mal esclarecidos do lugar, o Silva, o Lulas, o Feio , o Martins e poucos mais. Os outros, na sua maioria, viviam numa ignorância de bater do sino, não escutavam, não piavam, não sabiam e para além da fome e do medo de que se ouvia falar, á distância era qualquer coisa de surreal as vidas desconhecidas dos inimigos da nação, um fenómeno incompreensivel e proibido a tão simples mortais habituados á irmandade civil tal como á irmandade familiar. Neste caso, num resumo do que há para contar, a Câmara levou a água ao seu moinho construindo um mausoleu na nascente e um mausoleu na estrada nova, este o da fotografia. As gentes do Luso e da freguesia apagaram-se ante as ameaças da morte certa e esta estação de tratamento, que chega até aos nossos dias, aí está a testemunhar o episódio. Há muitos anos desativada porque de facto a insuficiência da àgua, como se previa, a encerrou, foi agora recuperada pelo município que acha isto uma obra com chispas de valor arquitetónico e arte! Por mim, acho isto uma vergonhosa obra fascista a perpetuar um roubo que se fez ao Luso e como tal sugeri à Câmara que a sua demolição seria uma ótima solução. A resposta está atrás, o elevado estilo e valor arquitectónico ! Como munícipe, nunca mais vou sugerir nada à Câmara da Mealhada, através do seu pitoresco e útilissimo email e vou escrever aqui que para a freguesia do Luso isto é uma indignidade, um insulto , e um tumulo, vejam as imagens, que a mesma Câmara faz com intenções desconhecidas. De facto, ao Luso e ás suas Termas, faltava o mausoleu que aqui está. Um Jazigo a condizer com o estado de esqueleto que ajudou a criar! Um enigma, em todos os sentidos, nada prometedor!

  

14
Jan15

CASINO, FRESCOS PODEM CAIR DO TETO

Peter

tetocasino.jpg

Pinturas do teto do salão de baile do Casino do Luso,  Gabriel Constant-1910

Crónicas Locais

174- CASINO,FRESCOS PODEM CAIR DO TETO

N ão há notícia de que o chamado Casino do Luso alguma vez o tenha sido como sala de  jogos para além dumas boas noitadas de sueca, de bisca de sete e de vazadas do king ou dum pocker clandestino que esporadicamente ia do Verão às noite frias do Inverno, aquecido por aquilo a que se chamava nos tempos das proibições um luso uísque saloio. Apesar disso, o que foi mais um azar desta terra, foi durante muitos anos um lugar festivo e alegre por onde correu cinema, teatro, ópera,circo, variedades,exposições, palestras, comícios e bailes, bailes incontaveis com orquestra privativa num calendário permanente de anos e anos de diversão.para que terminasse esta sucessão de actividades ligadas ao termalismo e aos termalistas que desde 1854 criaram no sopé da serra do Buçaco uma referência do todo nacional, foi preciso chegarem finalmente uns holandeses cervejeiros para explorar de forma desenfreada a água de mesa e na prática acabar com as termas , transformadas mais ou menos numa clinica que  não sendo de dentes se associa imediatamente à ferramenta dos dentistas , aos calafrios da cadeira e ao terror dos alicates cromados. De facto, a denominação das novas termas arrepiam o mais ousado enquanto produto do metier reconhecido , tão contrário ao relaxamento, à calma, á tranquilidade, ao gozo ou a uns banhos na meia duzia de bacias termais ou no Spa obtido com a destruição de dois terços das velhas termas.

Ouvido de longe, o nome há-de meter medo ao demo , quanto mais a um ocioso aquista que procura longe do bulício citadino a serenidade dum lugar para desintoxicar os músculos e destressar elementarmente a alma. Convenhamos que é difícil associar a bigorna dum ferreiro ou um esqueleto de queixais aprodrecidos e fazer daí uma imagem de compromisso salutar e esperançoso e também neste particular, as termas perderam o desafio apesar de alguém ter inventado seiscentos e tal banhistas no fim de Setembro ou Outubro para escrever nos jornais.Ninguém do sítio acredita nos aberrantes números, tão simplesmente porque os não viram nem viveram, assim como ninguèm acredita que os frescos do teto do salão de baile do Casino venham a cair com uns fados cantados ao micro por uma cantadeira iniciática que precisava de apoio e não de proibições.

Mas foi o que aconteceu este Verão, o Casino foi emprestado a ferros com essa condição de não utilizar o microfone, crê-se que os holandeses temeram a queda das graciosas figuras que ornamentam o teto, por sinal propriedade da autarquia local e a custo abriram as portas à cantora, portasque estiveram fechadas durante o mesmo Verão por obra duma exposição épocal.  Tudo por uns frescos que já passaram pela enorme panóplia de bailes, teatros ,festas e actividades mundanas de todo o calibre e som e sempre se seguraram com unhas e dentes aos estuques leves da cobertura ornamental , além de terem levado retoques de todo o lado, às vezes por pintores de paredes, sem uma única palavra azeda ou de queixume!!! Que o testemunhe o João Carlos ,pintor, com seus geniais retoques.Pessoalmente não fazia ideia desta erudição holandesa , passem as minhas desculpas sinceras a Rubens e á sua escola de mestres flamengos, destes tenho boa ideia, dos outros, fiquei farto quando nos piratearam em Malaca, Angola ou no Brasil para agora nos piratearem em casa.

É neste mundo que vivemos, neste mundo que vive o Luso, noutros tempos orgulhosamente a sala de visitas do concelho, hoje até alvo de todas as tentativas para ser substituído pela sede do mesmo, como se os recursos se metessam nos alforges duma burra dependurados na albarda e resgatassem os trapos! Um vale tudo de irresponsabilidade e incompetência .  Parece que até o Bloco de Fisioterapia, entregaram á Mealhada !  Tudo pela destruição  total, pela brutalidade, pelo desrespeito pelas pessoas.                   Janeiro/2014

 

 

09
Jan15

RESISTENTES

Peter

DSCN3888[1].JPG

 Crónicas Locais

173-RESISTENTES

Para mim o Luso parece ter voltado ao tempo que era há cinquenta anos atrás, quando o acontecimento mais importante era durante o Inverno a passagem da camioneta das sete em direcção a Viseu e no Verão a paragem do rápido da uma da tarde que despejava arquistas que acabavam por encher as Termas. Não é saudosismo o que reside atrás desta imagem com mais de meio século de existência mas o aparente reviver dum tempo julgado definitivamente finito, ultrapassado e esquecido nos anais da consciência das gentes, melhorado que foi num período de sobrevivência económica recente que se acreditava ser caminho sem retorno. É precisamente esse retorno, essa falta de objectivos e de esperança, esse descrer nos homens e nas instituições que hoje me perpassa pela mente com laivos de retrocesso a fazer relembrar o tempo de antigamente, quando o chapéu na mão fazia parte dum quotidiano difícil e o rendimento do trabalho mal chegava para matar a fome e muito menos para adquirir conhecimentos. Sinto que se pode estar numa via de regresso e que a sociedade crescida com os sonhos de Abril se encaminha para um low cost de terceira classe como era então o terceiro assento dos comboios a vapor destinado aos desqualificados e arredados da civilização. Sinto isto na imagem dum Luso da minha meninice, donde depois por fortuna e por sorte me libertei, sem me libertar porém do tempo retido na memória e na consciência dos fenómenos sociais subjacentes.

Imagino que é contra este mesmo tempo que a gente das Termas está lutando. Contra o esvaziar que o capital, a política, a má gestão, a irresponsabilidade, trouxeram ao lugar, colocando em causa os negócios e a vida de alguns milhares de pessoas deste município e região. Estão lutando numa demonstração de força e de vontade de mudar e ver mudar alguma coisa, num lago que se mantém tranquilo e calmo como se nada tivesse acontecido, perante a catástrofe que foi o derrubar das termas centenárias. Uma concessionária que teima de forma descarada em reduzir o balneário a nada, que procura impor o esvaziamento do contrato de concessão na cabeça das pessoas através de migalhas duma fundação oportuna, que afirma ter muitos utentes quando os que se vêm são tão poucos, que poucos equipamentos utilizam das estruturas existentes na terra. Se a única riqueza que existe é a água e lhe foi subtraída a parte termal em favor do negócio da venda, como pode o Estado proprietário dar-se por satisfeito? Periodicamente faço esta pergunta claramente dirigida aos eleitos, quer locais, quer nacionais e estes nossos representantes, que afinal são os detentores pelo voto da democracia que lhes damos, calam na impotência e no silêncio os apelos das nossas justas razões.

Admiro os conterrâneos que lutam, tem razões mais que suficientes para o fazer. Sobretudo os que viveram e vivem e querem continuar a viver da parte de exploração das águas termais que desde sempre lhes coube. Enfeitaram um Luso natalício por razões evidentes.Com o carinho, a devoção, a força e o querer que os ditos eleitos não tem. Mas também com esperança na mudança e na retoma dum caminho de novo dirigido á recuperação termal, fisioterapia, quartos, equipamentos. È uma força presente, uma força que o poder tem o dever de interpretar e acompanhar que os problemas existentes são todos eles igualmente do concelho. São resistentes a lutar com dificuldade por aquilo a que eles, mas também a terra que representam, tem jus, perante a apatia dos poderes públicos e os incumprimentos permanentes do concessionário que explora a única riqueza do local gozando do apoio, em derradeira instância, dos que deviam defender esse povo e esse património. Saber ler e interpretar os fenómenos é um dever desses eleitos perante os seus eleitores, ávidos de mudanças e de actos no sentido das suas legítimas aspirações. É urgente ler esse querer, essa teimosia, essa luta, como é urgente ler o desespero e o desânimo latentes, quando não se vêm sinais do apoio que se espera.

                          Luso,Dezembro, 2014                             àguasdoluso@sapo.pt

 

04
Jan15

BOM ANO

Peter

DSCN3887[1].JPG

 Os  tempos de reis magos ,como estes que aqui vemos,

fazem lembrar que 2015 começou. Sendo inóquos como

todos os anos, cumprem no entanto a  missão que perante

nós lhes compete. Para os leitores e amigos que tem a

bondade de me ler, junto-me a eles nos desejos , que o ano

que agora entra seja melhor que o finado, que saudades,

não deixou. Eles estão  na Capela de João Evangelista 

uns passos acima das onze bicas da fonte  de àgua de Luso

e são guiados, observemos, por um anjo. Talvez o anjo que

nos tem faltado na eminência dos destinos.

BOM ANO.

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