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ÁGUASDOLUSO

BURRIQUEIROS,OS QUE TOCAM OS BURROS...

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BURRIQUEIROS,OS QUE TOCAM OS BURROS...

27
Out13

SUBSIDIOS /2-TEATRO AVENIDA

Peter

 

  Avenida Navarro com o cinema ao fundo

 N as décadas de 1920/30 existiam  , no Luso três ou quatro automóveis, das famílias Figuueiredo, dos Seabras, do Collen e , substituindo as velhas caleches de aluguer,,  surgiam entretanto os primeiros veículos motorizados a esse serviço dedicados e  cuja notícia oral hoje em dia  recolhida se resume aos carros de praça do Zé (?) Mira, do Albertino Pimenta, do Joaquim Rocha como dos pioneiros na matéria.

Graças a Emídio Navarro e á política de desenvolvimento termal e urbano com que favoreceu o Luso influenciando gente que construiu casas e chalets, as termas ganharam certa preponderância a nível nacional e vieram a receber melhoramentos estruturais actualizados como a electricidade, serviços de correios, farmácias, novas estradas e arruamentos, benefícios nas termas, e de entre essas bases estruturais do tempo, um cinema. Uma nova burguesia, sobretudo oriunda de Lisboa, começou por aproveitar os caminhos de ferro para deixar as apregoadas e costumadas quintas ao redor da capital para se deslocar segundo a nova moda para estâncias de veraneio surgidas das nascentes termais, e passar o verão ou parte dele na tranquilidade duma província conservadora e pachorrenta. Nesse período o Luso duplicava a sua população e um estio assim desafiante e movimentado exigia bases e serviços capazes de satisfazer minimamente este novo status que vinha em constante aceleração desde o meio da década do século XIX quando nasceu a sociedade de desenvolvimento termal que transformou a pequena aldeia de moinhos e milheirais no que depois veio a ser como local de industria de águas, primeiro paroquiais depois nacionais, hoje e por todas as razões infelizmente, pior que nacionalização, entregue mais a riqueza que produz, a estrangeiros.

Da velha e primitiva cocheira da casa do Soares que serviu de cinema, o primeiro na memória que se consegue recolher, se passou pela Casa das Pedrinhas com filmes de Sherlock Holmes, Charlot ou Harry Tackson, depois pela Casa do Teatro, hoje Pensão Choupal, possivelmente pelo rés do chão da Ex-Pensão das Termas, pela Sala do Casino  , até que finalmente surgiram três investidores capazes de  enfrentar o desafio da construção duma casa de raiz. Foram Rodolfo Pimenta, Francisco Ferreira e José Simões, três empresários que deram o definitivo arranque que levou á construção do chamado Cine Teatro Avenida.

Construído segundo normas e arquitectura do seu tempo, o Cine Teatro veio dar resposta plena ás necessidades, não só no campo da cinematografia como do teatro. Uma razoável sala para o tempo formada por uma ampla plateia rodeada de camarotes, acima doa quais, junto ao teto, funcionava uma geral.

Excelente palco do qual fazia parte um completo  urdimento, por ali passaram grandes companhias da capital e nomes sonantes como os actores Alves da Cunha, Ilda Stiline, Maria Matos, Estêvão Amarante, entre outros.

Também o teatro amador local, onde muitas vezes coexistiam dois agrupamentos  em franca competição, utilizavam a nova estrutura para preparar e representar as suas peças, das quais há hoje alguma informação no que diz respeito aos programas deixados e dos quais transcrevemos  nomes como A Mulher de Dois Maridos, Os Escravos, O Diabo á Solta, o Perdão dos Filhos, Dois Teimosos, O Padrinho, entre outros sem  deixar de lado referência aos grupos Amadores Dramáticos Beneficentes do Luso, Grupo Cénico do Luso, ou Grupo Cénico Ala Nova, para  nos situarmos nas décadas referidas de 20 e 30 do século passado. Numerosos são os intervenientes, Francisco Garcia, Francisco Cabral, Joaquim Nunes, Joaquim Batista, Carlos Pereira, Lucília Martins, Maria Almeida, Mobília Seabra, Rosa Rocha, Duarte Rocha, José Carvalho, entre muitos outros.

 Após o período inicial o cinema passa no entanto por algumas dificuldades financeiras, a primitiva sociedade desfaz-se e com a saída dos sócios para o Brasil a casa seria mais tarde vendida  à Sociedade Agrícola do Valdoeiro que a explorou durante anos , até passar finalmente para a posse do ultimo industrial de cinema, Joaquim Ferreira. Proprietário e projecionista, deu vida ao Cine Teatro durante as últimas décadas do seu funcionamento.

O imóvel foi recentemente adquirido pela Câmara da Mealhada, mas nada foi feito para seu restauro ou manutenção até á presente data.

 

05
Out13

SÚBSIDIOS- PRIMEIRA SESSÃO

Peter

 

 

          CINEMA NA CASA DE CHÁ

     Entre os avós idosos é corrente situar o primeiro cinema ou a primeira casa de espectáculos do Luso, na precaridade que se pode considerar suficiente para o efeito, na Cocheira do Soares, ao tempo conhecida igualmente por alquilaria na medida em que teria servido para recolher animais de carga, de tiro ou de montar bem como as velhas carruagens do transporte de pessoas e bens que das bestas recebiam a força dos seus cavalos.

Tratava-se dum salão térreo improvisado para as projecções na parte inferior do edifício ainda hoje existente, a velha casa chamada do Soares, implantada na margem da estrada pouco antes da entrada da Quinta do Viso, propriedade de Emídio Navarro e debruçada sobre a região da Bairrada com uma soberba vista até aos limites do oceano atlântico. Segundo algumas testemunhas orais herdava da área dos transportes a condição e nome de cocheira que teria desempenhado o seu papel sobretudo no transporte de aquistas entre a estação do caminho-de-ferro e as Termas e em deslocações ao Bussaco ou outros locais vizinhos.

Não seria a única empresa no negócio, há notícia oral dos trens do Barrigo  no que foi depois o Café Luso , também conhecido por Bigodes, cuja cocheira de apoio ficava na parte traseira da extinta Capela de Stº António , hoje destruída para alargamento da curva do Inatel  defronte àquela unidade hoteleira. Mais tarde, com o advento da motorização, veio esta cocheira a reverter para a condição de oficina de automóveis durante muitos anos. Existia ainda a empresa do Messias no piso térreo da ex-pensão das Termas e o próprio Hotel Serra teria a sua alquilaria nas caves do edifício.

Desta última recolhi a história duma panela de libras que o proprietário, temente de ladrões, embutiu e escondeu numa parede dos fundos. Descoberta por um moço da cavalariça, foi objecto de apropriação por sua parte. Achando-se porém rico dum dia para o dia seguinte, deu levianamente manifesto a tanta fartura mediante vida farta, modernas vestimentas, mulheres alheias, coisa que a desconfiança depressa levou á justiça e ao descobrimento do sucedido. Confessado o crime, foi o moço condenado á pena e a  repor os restos do tesouro.

Voltando ao cinema, disse-nos D. Guilhermina Rocha pouco antes de chegar a idade centenária, que se lembrava perfeitamente de assistir a supostas primeiras projecções de cinema na Casa de Chá sobre a Fonte de S. João, sessões decorrentes da iniciativa dum tal Adão, termalista e apaixonado pela nova arte. Este registo, que não perdura com clareza no meio mas que a nossa interlocutora afiançou, pode situar-se algures entre a primeira e segunda décadas do séc.XIX, levando em conta que a fonte poderia ter nessa época entre dez , quinze anos de idade.

Teria existido depois a Casa de Cinema do Soares que está sem dúvida na memória de pessoas de menos idade, tendo servido não só como cinema mas também como salão de baile e de festas. Quanto á sétima arte, ela era explorada pelo empresário lisbonense Sacramento que por sua vez vendeu  mais tarde o negócio ao lusense Joaquim Rodrigues. A sala, rectangular, tinha um parapeito em madeira na parede do sul  a toda a largura do espaço ,  sobre o qual era colocada a tela de projecção. O chão primitivo de terra batida, foi substituído por um soalho de madeira sobre o qual se alinhavam em toda a largura filas de cadeiras da ‘pendurada’, ou seja, cadeiras simples de madeira de pinho de muito modesta qualidade. À entrada, do lado direito, uma pequena cabine alojava o projector manual cujo filme, accionado pela maior ou menor sensibilidade do operador de serviço á manivela, deslizava com a possível uniformidade na tela em frente.

Por curiosidade , pela voz de alguns testemunhos , ouvimos nomes de filmes como: ‘O Morto Cansado’, À Sombra dum Trono’, ‘Amor de Perdição’, ‘Os Fidagos da Casa Mourisca’, ‘As Pupilas do senhor Reitor’ ou ‘O Rápido do Oeste’. Aqui fica o registo possível, dum Luso de outros tempos.               FS 1989/2013

  

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