A SUBSTITUIÇÃO DAS TERMAS CENTENÁRIAS
FIM DAS TERMAS DO LUSO
A fotografia acima testemunha como se pôs
termo ás Termas do Luso.
Saber mais no texto seguinte:
FIM DAS TERMAS
A manhã de hoje nasceu com nevoeiro e maus cheiros. Confesso que não foi a melhor maneira de acordar. Em matéria ambiental o hábito não faz o monge daí, por muitos nasceres do dia que se sucedam desta maneira, haverei sempre de maldizer a malfadada fábrica da baganha que nos entra em casa sem pedir licença insultando o comum cidadão com o seu perfume nauseabundo. E naturalmente hei-de maldizer a actual Câmara da Mealhada que se mantém incapaz de resolver este sério problema que tem a ver com a indústria deste freguesia do Luso, o turismo.
Vem-me á ideia a propósito campanhas eleitorais prometendo a resolução do problema a par de umas manifestações politicas de rua que não surtiram qualquer efeito para lá de propaladas promessas e folclore. Exactamente como me lembro, tenho boa memória, dum hotel e spa cujos investidores surgiram estranhamente por alturas das eleições e que iria ser edificado na Avenida do Castanheiro. Este até foi prometido duas vezes, em duas eleições seguidas, mas talvez para evitar a concorrência trazida por um segundo spa, tratou a mesma câmara municipal de ajudar na destruição do conteúdo termal. Óbvio!
Hoje, de facto, existe uma clínica maló, tanto quanto nos indica o novo painel informativo que substitui um outro que se manteve, ainda que queimado, a afirmar por muito tempo que ali eram as termas sem o ser.
Mas a clínica ou está sempre reservada ou está condicionada por qualquer direito de admissão, ou pelos preços, pois clientes não se vislumbram. Faz-me lembrar um conhecido meu que num dos quadros comunitários aproveitou cem por cento das ajudas CEE para restaurar a velha casa para turismo de habitação obrigando-se a mantê-la aberta durante cinco anos. O êxito do investimento foi tão grande, que cada vez que um cliente telefonava para marcar uma estadia a pousada estava cheia! Cheia como a manada das mesmas vaquinhas que andavam a encher os currais de terra em terra para justificar á CEE os custos e o desenvolvimento. E os cinco anos passaram!
Também a fisioterapia termal encerrou portas porque uma porta interior ultrapassava ou minguava nas medidas legais impedindo a reabertura da estrutura.
Todos os eleitos se remetem comodamente ao silêncio, e não podemos esquecer que os bem dispensáveis quatro vereadores de tempo inteiro, custam em média aos nossos bolsos através dos impostos que pagamos, cerca de cinco mil euros por mês e por cabeça. Não é para situações cómodas que estão, mas para defender o município, incluindo os que infelizmente passam por dificuldades que não lembram aos eleitos!
Mesmo com tanta gente a gerir (?) assim se fez ao Luso uma lavagem geral, pretensamente cerebral, as termas deram em insólita clínica, a fisioterapia em porta estragada, a sede da água passou para Lisboa, o engarrafamento para a Vacariça, o turismo foi enterrado, a estação de caminho de ferro abandonada, a do correio a aguardar o fecho, um cinema municipal a cair, a quinta do alberto uma floresta de acácias, a Miralinda ex casa do povo uma ruína, a já citada avenida do castanheiro porca e desprezada, o parque de campismo fora dos circuitos comercias por falta da pequena piscina que nunca se fez, o campo de futebol esquecido, a mata do Buçaco um bluf na mão de família e de compadres, e, obra das obras, num país onde se passa fome vai ser construída uma nova escola para substituir a existente que chega e sobra para os educandos locais, por este andar durante os próximos cinquenta anos.
Há dinheiro para empreitadas desnecessárias, não há para as pessoas comerem. A triste realidade. O desperdício continua a ser o emblema caro aos políticos ou aos que pensam que o são, é uma questão de convencimento e conveniência onde tudo vale e se impõe. Até a patetice!
Isto é que é a imagem dum Luso actual, morto por dentro e por fora, obra da concessionária das minas, mas muito mais pela ajuda activa e participativa de actores que ocupando cargos autárquicos nas freguesias e câmaras, nada se interessam pelos eleitores ou pelo município, aqueles que os colocaram lá.
De facto a câmara, única entidade com poder de negociar, está silenciada por mais de cem mil contos que são a renda anual dos famosos dois tostões por litro que recebe de mão beijada, e esquece os verdadeiros problemas de que enferma a freguesia do Luso. Ou por não ter consciência deles, o que é muito mau, ou por não querer sujar as mãos fora da cómoda cadeira onde digere a crise alheia, coisa ainda pior.
Não percebo qual é a vantagem que desta atitude advêm para o município com a destruição duma actividade e por isso chego a duvidar ás vezes se isto não faz parte dos interesses ou gostos pessoais de algumas pessoas, traduzindo mesquinhos reflexos paroquiais, prejudicando o território e as suas gentes ao gosto da irresponsabilidade. Assim como não entendo como ainda hoje escutamos da parte do poder local, referências a um desarticulado campo de golf ou plataformas modais rodo ferroviárias. Será que não perceberam ainda que tudo isso está definitivamente ultrapassado?
Passou a manhã, surgiu o texto e tudo sucumbiu ao pastoso e enervante aroma que provem de Santa Eufémia que se mantém activo e nauseabundo. Parece que com aquilo se faz azeite por extração de benzeno, a bem da economia que nos levou á pobreza e á miséria.
Portugal está em crise mas as pessoas muito mais!!!!
Luso, Maio, 2012